PSD diz que negócio da exploração do lítio “cheira a esturro”
Vice-presidente da bancada do PS afirmou não receber “banhos de ética” dos sociais-democratas.
Na primeira declaração política em plenário da nova legislatura, o PSD retomou o caso da exploração da mina de lítio em Montalegre para pedir explicações ao primeiro-ministro.
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Na primeira declaração política em plenário da nova legislatura, o PSD retomou o caso da exploração da mina de lítio em Montalegre para pedir explicações ao primeiro-ministro.
“Todo este acidentado negócio pode ter sido feito sem maquinações e promiscuidades já conhecidas noutros casos, mas que cheira a esturro, lá isso cheira”, apontou Carlos Peixoto, que deverá ser hoje eleito vice-presidente da bancada.
O deputado considera que é preciso fazer uma “avaliação política rigorosa da salvaguarda ou não do interesse público”, tendo em conta que a empresa concessionária foi constituída “três dias antes da assinatura do contrato de exploração” e que “um dos sócios dessa empresa tenha uma outra sociedade com sede na junta de freguesia socialista de Montalegre”. Carlos Peixoto apontou ainda que a tutela de Matos Fernandes e de João Galamba achou “irrelevante” que “um dos sócios dessa empresa esteja acusado da prática de crimes de fraude na obtenção de fundos comunitários”. Foi neste ponto que pegou o deputado socialista Hugo Pires para lembrar que esse sócio foi dirigente do PSD no tempo em que Rui Rio também estava na direcção.
Só após a declaração, já fora do plenário, é que Hugo Pires revelou tratar-se de António Marques, que integrou a comissão política nacional do PSD no tempo de Manuela Ferreira Leite, com Rui Rio como vice-presidente do partido. Na resposta a Carlos Peixoto, Hugo Pires assegurou que “todos os requisitos foram cumpridos” para a atribuição da exploração da mina e contra-atacou: “Uma coisa quero dizer-lhe, olhos nos olhos: nós não recebemos banhos de ética do PSD”.
Pelo CDS, a líder da bancada do CDS Cecília Meireles começou por fazer a demarcação entre justiça e política sem dar ênfase ao caso concreto. Embora defenda que “a política não pode ser cega surda e muda com o que se passa com a coisa pública”, a deputada orientou a sua interpelação a Carlos Peixoto sobre a proposta centrista para a criação de uma estratégia nacional de combate à corrupção.
À esquerda, o comunista Duarte Alves defendeu que “deve ser avaliado o impacto” da exploração da mina enquanto a deputada do PEV Mariana Silva afirmou que o “interesse público está ferido na protecção ambiental”. A obrigação de haver um estudo de impacto ambiental positivo antes da atribuição da exploração – e consagrá-la na lei – foi a tónica da interpelação de André Silva do PAN.