Não é difícil de perceber que Raparigas Rebeldes de Paradise Hills se encena a si próprio, deliberadamente, como um “conto de fadas” — é, aliás, por aí que a primeira longa da basca Alice Waddington merece mais do que uma espreitadela casual. Algures entre as narrativas folclóricas pré-edulcoração dos irmãos Grimm e a opulência visual das suas versões Disney, com um trabalho requintadamente perverso de cenários e figurinos, Waddington cria um mistério gótico feminista-girl-power, levemente futurista e profundamente distópico, algures entre Kazuo Ishiguro e Lewis Carroll, que vai buscar tanto à Alice no País das Maravilhas como a Inocência de Lucilie Hadzihalilovic ou à velha Twilight Zone: uma jovem acorda um belo dia numa luxuosa “clínica terapêutica” isolada, na qual meninas debutantes recalcitrantes em ocupar o seu devido lugar numa sociedade patriarcal tratam os seus supostos tormentos psíquicos (ou seja: são moldadas para serem meninas boas).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Não é difícil de perceber que Raparigas Rebeldes de Paradise Hills se encena a si próprio, deliberadamente, como um “conto de fadas” — é, aliás, por aí que a primeira longa da basca Alice Waddington merece mais do que uma espreitadela casual. Algures entre as narrativas folclóricas pré-edulcoração dos irmãos Grimm e a opulência visual das suas versões Disney, com um trabalho requintadamente perverso de cenários e figurinos, Waddington cria um mistério gótico feminista-girl-power, levemente futurista e profundamente distópico, algures entre Kazuo Ishiguro e Lewis Carroll, que vai buscar tanto à Alice no País das Maravilhas como a Inocência de Lucilie Hadzihalilovic ou à velha Twilight Zone: uma jovem acorda um belo dia numa luxuosa “clínica terapêutica” isolada, na qual meninas debutantes recalcitrantes em ocupar o seu devido lugar numa sociedade patriarcal tratam os seus supostos tormentos psíquicos (ou seja: são moldadas para serem meninas boas).