Bloco quer mais condições para médicos no SNS e critica número elevado de processos

A líder bloquista visitou o Hospital Garcia de Orta que nas últimas semanas tem encerrado os serviços de pediatria por falta de médicos especializados. Catarina Martins quer mais vagas, mas sobretudo melhores condições para os profissionais de saúde.

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Catarina Martins esteve reunida com a administração da unidade de saúde Pedro Fazeres

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou esta terça-feira que existe “um grande problema de formação” de pediatras e uma grande dificuldade em manter “os pediatras no Serviço Nacional de Saúde”. O resultado é a falta destes médicos especializados em hospitais como o Hospital Garcia de Orta, em Almada, e que obrigam ao encerramento dos serviços de urgência por falta de profissionais. À saída de uma reunião com a administração do hospital e com os chefes de serviço demissionários, a líder bloquista defendeu a contratação de mais médicos especialistas para resolver os problemas da urgência pediátrica.

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A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou esta terça-feira que existe “um grande problema de formação” de pediatras e uma grande dificuldade em manter “os pediatras no Serviço Nacional de Saúde”. O resultado é a falta destes médicos especializados em hospitais como o Hospital Garcia de Orta, em Almada, e que obrigam ao encerramento dos serviços de urgência por falta de profissionais. À saída de uma reunião com a administração do hospital e com os chefes de serviço demissionários, a líder bloquista defendeu a contratação de mais médicos especialistas para resolver os problemas da urgência pediátrica.

Catarina Martins sublinhou que este hospital “tem um grande número de utentes” e que por isso tem também “uma grande pressão para essa urgência pediátrica”. “Em Portugal, metade dos pediatras estão no privado e não trabalham no Serviço Nacional de Saúde”, assinalou. “Dizem-nos que estão a tentar uma majoração para contratar pediatras com as novas vagas que abrem”, declarou antes de pedir “prioridade” para essa abertura.

Para a deputada bloquista, além de resolver a emergência da situação, o Governo deve pensar em soluções mais estruturais. “Precisamos de compreender que para lá desta solução de emergência temos mesmo que mexer nas carreiras do SNS”, afirmou. “É preciso fazer um caminho para a dedicação plena e para a exclusividade ao SNS, com carreiras que sejam mais atraentes, respeitando as carreiras dos médicos e com condições de trabalho”, defendeu.

De acordo com Catarina Martins, é também a “degradação do SNS que faz com que muitos médicos escolham sair para outros países ou para o privado não só porque as condições são melhores, mas também pelo burnout a que estão sujeitos [no SNS]”. Por isso, a coordenadora do Bloco pede que se dê um passo “passo para a dedicação plena e para a exclusividade” e para a criação de “incentivos de carreira”. “Isto é verdade para os médicos, é verdade para os enfermeiros e para os técnicos de saúde”, ressalvou.

Processos pendentes na Ordem são “graves”

A coordenadora bloquista assinalou também a gravidade dos números conhecidos relativamente aos processos pendentes na Ordem dos Médicos. “É grave, estamos a falar de matérias muito graves”, afirmou. “Eu julgo que não consigo acrescentar nada que qualquer pessoa não pense seguramente. Não é possível a Ordem dos Médicos deixar acumular tantos processos”, acrescentou Catarina Martins.

Ainda assim, a coordenadora do BE saudou que a Ordem dos Médicos faça “um esforço para que o seu Conselho Disciplinar actue”, mas não deixou de lamentar “que tenha esperado tanto para o fazer”. Esta terça-feira, o Conselho Regional do Sul (CRS) da Ordem dos Médicos anunciou que vai avançar com “carácter de urgência” para a contratação de uma equipa de advogados para a recuperação dos processos em atraso no Conselho Disciplinar (CD).

Os conselhos disciplinares do Norte, Centro e Sul abriram, no ano passado, 1071 processos, mais de metade dos quais (609) no Sul do país e 301 no Norte, segundo a Ordem dos Médicos.

A informação mostra que foram encerrados 957 casos, de onde resultaram 45 condenações, sendo que apenas 14 foram no Conselho Disciplinar do Sul. A maior parte das condenações (21) foi decidida no Conselho Disciplinar do Norte. Dos médicos condenados, nenhum foi expulso, mas 13 foram suspensos.

O médico que acompanhou a gravidez e realizou as ecografias obstétricas, Artur Carvalho, que, entretanto, foi suspenso preventivamente pelo Conselho Disciplinar Regional do Sul, tem seis processos em curso neste órgão e já em 2011 havia sido noticiada uma situação semelhante na Amadora, que motivou também a abertura de um processo disciplinar e uma queixa no Ministério Público, ambos arquivados. O processo mais antigo ainda em aberto relativo a este médico obstetra remonta a 2013.