No Hub do Beato ainda só há paredes
Três anos depois de anunciado, o vasto complexo fabril do Beato ainda está longe de ser “uma das maiores incubadoras da Europa”, como prometido.
A instalação do Hub Criativo do Beato na zona sul da antiga Manutenção Militar foi anunciada em Junho de 2016, a poucos meses de Lisboa receber a primeira edição da Web Summit. Três anos depois, o vasto complexo fabril ainda está longe de ser “uma das maiores incubadoras da Europa”, como a câmara de Lisboa então prometeu.
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A instalação do Hub Criativo do Beato na zona sul da antiga Manutenção Militar foi anunciada em Junho de 2016, a poucos meses de Lisboa receber a primeira edição da Web Summit. Três anos depois, o vasto complexo fabril ainda está longe de ser “uma das maiores incubadoras da Europa”, como a câmara de Lisboa então prometeu.
É certo que as obras de reabilitação de alguns edifícios decorrem há vários meses e que os primeiros ocupantes devem chegar em breve, mas a expectativa da autarquia era que as coisas tivessem andado mais rápido. Fernando Medina estimava, em 2016, que o “processo fundamental de desenvolvimento” do hub se realizasse nos três anos seguintes, coincidindo precisamente com o número inicial de edições que a Web Summit teria em Lisboa.
O objectivo era, e ainda é, aproveitar a feira tecnológica para cativar potenciais investidores. “A capacidade de nós atrairmos dezenas de milhares de empreendedores, dirigentes, quadros de empresas tecnológicas está a ter impacto na criação de oportunidades de emprego para os nossos jovens, para os jovens qualificados”, disse Fernando Medina na semana passada a propósito da Web Summit. “São hoje muitas as empresas que se estão a instalar em Lisboa. No hub do Beato estão a acabar as obras para a instalação da Mercedes”, exemplificou.
A marca automóvel alemã é uma das quatro empresas que estão garantidas no espaço. O Super Bock Group, através da marca Browers, será responsável pela reabilitação e gestão da antiga central eléctrica, onde nascerá uma zona de restauração e de produção de cerveja. Também os escritórios lisboetas da Web Summit vão ali instalar-se, mas é à alemã Factory, uma incubadora de startups, que ficará entregue, para já, a maior área do recinto: 11 mil metros quadrados.
A Startup Lisboa, entidade a quem a câmara entregou a gestão do hub, lançou há meses um concurso para a construção de residências temporárias, que devem estar a funcionar no fim do próximo ano.
Há algumas semanas, na apresentação do orçamento municipal para 2020, o vice-presidente da câmara disse que tinham surgido alguns obstáculos que atrasaram os trabalhos no hub, mas garantiu que eles estavam ultrapassados. À cerimónia de lançamento em 2016 seguiu-se outra, um ano depois, que revelou as primeiras empresas interessadas no espaço e marcou para o fim de 2018 a inauguração do hub. Agora a expectativa é que o recinto ganhe vida no fim deste ano ou no início do próximo.
No orçamento para 2019, o município reservou 20,3 milhões de euros para este equipamento e, nas contas de 2020, recentemente apresentadas, o investimento sobe para os 22 milhões.
Para lá dos planos já conhecidos para os 35 mil metros quadrados da zona sul da Manutenção Militar, que a autarquia recebeu do Estado por sete milhões de euros e durante 50 anos, Fernando Medina tem em vista o desenvolvimento da zona norte, onde podem instalar-se mais empresas e onde já existem alguns equipamentos, como um teatro e uma creche. O autarca tem mesmo a ambição de criar uma estação ferroviária nova, na linha do Norte, junto a esse local.