Câmara de Lisboa avança na requalificação do bairro da Boavista com entrega de 46 novas casas
Estão entregues as casas da segunda fase de requalificação do bairro e houve quem se queixasse ao presidente da câmara das condições da casa que recebeu no mês passado: “chove lá dentro como chove na rua”.
A Câmara Municipal de Lisboa entregou esta segunda-feira 46 novas habitações no bairro da Boavista, no âmbito do processo de demolição de velhas casas de alvenaria e requalificação desta urbanização, num investimento de cerca de 60 milhões de euros.
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A Câmara Municipal de Lisboa entregou esta segunda-feira 46 novas habitações no bairro da Boavista, no âmbito do processo de demolição de velhas casas de alvenaria e requalificação desta urbanização, num investimento de cerca de 60 milhões de euros.
“O objectivo é simples, é ter o bairro todo requalificado, com casas dignas para as pessoas poderem morar”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina (PS), indicando que, além das habitações, está prevista a construção de uma nova escola, “uma obra de grande dimensão”, que terá início no próximo ano.
De tipologias T1, T2, T3 e T4, os 46 novos fogos integram a segunda de cinco fases de requalificação do bairro da Boavista, em que se inclui a demolição de 118 velhas casas de alvenaria, cujas famílias já foram realojadas, para se iniciar a construção de mais 170 habitações.
Presente na cerimónia de entrega de chaves, que mobilizou cerca de 150 moradores do bairro, Idália Marques aproveitou o encontro com Fernando Medina para se queixar das condições da sua nova casa, atribuída em Outubro no âmbito da primeira fase do processo de requalificação, porque “chove lá dentro como chove na rua”.
Desvalorizando as queixas e destacando o “sorriso” das famílias que receberam uma nova casa, o autarca disse que este é um “projecto muito difícil”, porque não se está a construir num terreno vazio, mas sim num bairro, onde há vivência e memórias, o que fez com que algumas pessoas tivessem medo de aceitar a mudança.
Dirigindo-se aos moradores, Fernando Medina reforçou que este é “um compromisso a sério” que está a ser cumprido pela autarquia, porque “cada lisboeta tem de ter uma casa digna para viver, [...] pagando o que pode pagar, tratando bem o que é de todos”.
Questionado pelos jornalistas sobre o valor das rendas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa explicou que as casas são disponibilizadas ao abrigo do regime de renda apoiada, ou seja, em que o valor é calculado consoante os rendimentos do agregado familiar, sem conseguir adiantar os valores mínimo e máximo das rendas destas 46 novas habitações. Sobre o investimento na requalificação do bairro da Boavista, o autarca referiu que “são várias dezenas de milhões de euros que estão a ser investidos”.
“Estamos a falar da recuperação de cerca de 500 casas, que é um número muito significativo. Já estão entregues 100, vamos prosseguir até às 500, por isso estamos a falar de um valor de investimento na casa dos 60 milhões de euros só para o bairro da Boavista”, declarou Fernando Medina, acrescentando que a nova escola, que será construída de raiz, “não é um escola remendada” e “vai ser uma das melhores escolas da cidade”, com um orçamento de cerca de 10 milhões de euros.
A viver no bairro da Boavista desde o início da sua construção, na década de 1960, Clara Conceição, de 84 anos, foi a primeira moradora a receber as chaves da nova casa, considerando que a habitação de tipologia T1 é “boa e jeitosa”. “Só estou um pouquinho mais triste é com a cozinha, por ser pequena”, disse a idosa, que vai morar sozinha, mas mantém a maioria dos vizinhos que tinha quando vivia nas casas de alvenaria.
As novas habitações foram construídas com elevados níveis de eficiência energética, nomeadamente a reutilização de água, com acessibilidades para todos, sobretudo para pessoas idosas e com capacidade evolutiva, o que permite aumentar a tipologia.
Num T3, preparado para ter mais uma divisão, Dina Bravo, de 42 anos, que vai habitar este novo fogo, com o marido e os dois filhos, elogiou a “muita qualidade” da habitação, destacando como positivo a cozinha já estar equipada com placa, forno e exaustor.
“Falam muito de bairro, de bairro municipal, mas está aqui do melhor que há na cidade”, avançou Pedro Pinto, presidente da Gebalis, empresa de gestão da habitação municipal de Lisboa, acrescentando que “não há futuro sem memórias felizes do passado”, pelo que foi preparado um kit de boas-vindas para os moradores, com uma fotografia do que eram as alvenarias e do que são hoje as novas casas.
Na cerimónia, a vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, Paula Marques, exprimiu a felicidade de ver estas casas prontas e de ter vizinhos a perguntar quando é que chega a vez deles, considerando que “é serviço público cumprido”.