Um pária entre os vinhos “naturais” e os vinhos “convencionais”

Correndo tudo bem, gostaria no final de classificar o meu vinho como “natural”. Mas não consigo, porque não existe tal classificação, e bem, porque o vinho não nasce espontaneamente, é criado pelo homem.

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Miguel Manso

Gostava de ver as vinhas sem ponta de herbicida, como antigamente, quando toda a gente escavava e lavrava com um macho. O macho ainda se consegue encontrar e é sempre possível escavar manualmente cada videira. Em último caso, podemos sempre recorrer a roçadoras, embora as roçadoras sejam pouco “limpas”, porque são movidas a gasolina. Mas depois vamos fazer as contas e apetece desistir. Há vinte anos, no Douro, um dia de trabalho era pago a cerca de 15 euros e as uvas para vinho do Porto valiam o que valem hoje, apesar do custo da mão-de-obra ter mais do que triplicado. Como se não bastasse, o consumidor ainda não está disposto a pagar por esse esforço suplementar.

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Gostava de ver as vinhas sem ponta de herbicida, como antigamente, quando toda a gente escavava e lavrava com um macho. O macho ainda se consegue encontrar e é sempre possível escavar manualmente cada videira. Em último caso, podemos sempre recorrer a roçadoras, embora as roçadoras sejam pouco “limpas”, porque são movidas a gasolina. Mas depois vamos fazer as contas e apetece desistir. Há vinte anos, no Douro, um dia de trabalho era pago a cerca de 15 euros e as uvas para vinho do Porto valiam o que valem hoje, apesar do custo da mão-de-obra ter mais do que triplicado. Como se não bastasse, o consumidor ainda não está disposto a pagar por esse esforço suplementar.