Espanha volta aos cartazes e comícios com um Governo estável longe no horizonte

A mais curta campanha eleitoral da democracia espanhola vai culminar nas eleições gerais de domingo dia 10, as quartas desde Dezembro de 2015. O líder do PSOE, Pedro Sánchez, garantiu que não haverá uma grande coligação com o PP.

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Pedro Sánchez, líder do PSOE e presidente do Governo espanhol em exercício ADRIAN RUIZ DE HIERRO/EPA

Poucos meses depois de terem falhado a formação de um Governo estável, com hipótese de vir a durar quatro anos sem interrupções, os partidos espanhóis voltaram esta sexta-feira às ruas para a campanha eleitoral mais curta da democracia do país. E as sondagens não mostram grandes diferenças em relação às eleições de Abril: ainda que o Partido Popular (PP) esteja hoje mais forte, as diferenças de fundo entre os vários partidos indicam que ninguém descobriu a fórmula para sobreviver ao fim do bipartidarismo.

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Poucos meses depois de terem falhado a formação de um Governo estável, com hipótese de vir a durar quatro anos sem interrupções, os partidos espanhóis voltaram esta sexta-feira às ruas para a campanha eleitoral mais curta da democracia do país. E as sondagens não mostram grandes diferenças em relação às eleições de Abril: ainda que o Partido Popular (PP) esteja hoje mais forte, as diferenças de fundo entre os vários partidos indicam que ninguém descobriu a fórmula para sobreviver ao fim do bipartidarismo.

As posições começaram a ser marcadas esta sexta-feira, logo após o arranque oficial da campanha eleitoral que vai culminar com as eleições gerais de 10 de Novembro – as quartas desde Dezembro de 2015, quando os trambolhões do PP e do Partido Socialista (PSOE) nas urnas, e a entrada em cena do Podemos, vieram baralhar as contas da política espanhola.

O líder do PSOE e presidente do Governo espanhol em exercício, Pedro Sánchez, tratou de garantir aos eleitores, num comício na sexta-feira, que a ideia de uma grande coligação com o PP é uma carta fora do baralho. A mensagem teve como destinatário Pablo Iglesias, o líder da coligação de esquerda Unidas Podemos, que tem acusado Sánchez de manter uma porta aberta para os populares (direita) após as eleições.

“Ouço Iglesias a dizer que é preciso impedir a grande coligação entre o PSOE e o PP. Vou assumir aqui um compromisso perante ele e perante os seus eleitores, e eu cumpro tudo o que prometo: não vamos fazer nenhuma grande coligação com o Partido Popular”, disse Pedro Sánchez.

Do outro lado, Pablo Iglesias respondeu com cautelas, dizendo que confia tanto em Sánchez como em qualquer outro político – ou seja, nada, como disse numa entrevista, em Março, no programa El Hormiguero, do canal Antena 3. “Eu, na política, confio até que não confie. Lembro-me de quando ele disse que publicaria a lista de amnistiados fiscais e que ia intervir no mercado de arrendamento. Ainda que não acredite, agradeço o gesto.”

O travão do PSOE a qualquer aproximação ao PP foi aproveitado pelo líder dos populares, Pablo Casado, para dizer que os socialistas “deixaram cair a máscara” e mostraram que querem reeditar a intenção daquilo a que chama “o Governo Frankenstein”, com o Unidas Podemos e os independentistas.

“Estamos no Halloween e ele quer voltar a disfarçar-se de Frankenstein”, disse Casado num comício em Calahorra, na região de La Rioja. “Mas é de agradecer que, depois de várias semanas a fazer truques, finalmente nos mostre com quem quer fazer o trato.”

O PSOE, e principalmente o PP, afastaram para já o cenário de pulverização da política espanhola de que se chegou a falar em finais de 2015.

Segundo as sondagens mais recentes, os populares vão recuperar o estatuto de gigante indiscutível em Espanha, juntamente com o PSOE, com um reforço da bancada parlamentar para quase 100 deputados – depois de cair de 187 para 123 entre 2011 e 2015; e de 137 para 66 entre 2016 e 2019. E os socialistas podem contar com um resultado semelhante ao de há seis meses, quando elegeu 123 deputados.

Em sentido contrário vai o Cidadãos, que se apresenta a estas eleições com um discurso novo, mais flexível e disposto a dialogar tanto com o PP como com o PSOE. O problema é que a montanha-russa eleitoral em que o Cidadãos tem andado nos últimos cinco anos, desta vez parece estar à beira de uma queda vertiginosa – segundo a mais recente sondagem da Sigma-Dos para o jornal El Mundo, o partido vai perder 41 deputados, de 57 para apenas 16, ficando atrás da extrema-direita do Vox e do Unidas Podemos.

Mas a grande subida do Vox nas sondagens, que dão ao partido quase o dobro dos deputados em relação a Abril (de 24 para 44), motivada em grande parte pela violência nas ruas na Catalunha e pelos protestos de parte do país contra a exumação dos restos do ditador Francisco Franco, também não será a chave para desbloquear um Governo estável após as eleições de domingo.

Mantido à distância por todos, do PSOE ao PP, para qualquer acordo pós-eleitoral, o Vox tem como único objectivo reforçar a sua bancada parlamentar. “Se já fosse um partido decisivo, o seu sucesso seria total. Mas perante estas condicionantes, a sua ameaça é que venha a aparentar ter tanta força que leve a esquerda a unir-se outra vez para lhe cortar o caminho”, diz o El Mundo.