Faço como devo fazer. Começo por dizer que Vitalina Varela é um filme belíssimo e maravilhosamente construído, que nos revela, plano a plano, mais uma perspectiva da história que Pedro Costa e os seus coautores, imigrantes cabo-verdianos, nos vêm contando, nos últimos vinte e tantos anos. Desde que vimos Cavalo Dinheiro (2014) sabemos o que aconteceu a Vitalina Varela, de Figueira das Naus – casou, em Cabo Verde, com Joaquim de Brito Varela que logo depois regressou a Portugal, para trabalhar. Viu-o apenas duas vezes, depois disso. Um dia, muitos anos mais tarde, foi surpreendida com a notícia da morte do marido e correu à embaixada para conseguir os documentos exigidos e assistir ao funeral. O processo não foi suficientemente rápido, a viagem não foi fácil e quando chegou a Lisboa o enterro já tinha acontecido. Vitalina Varela parte daqui. É a vivência de um luto marcado, claro, pela dor, mas também pela raiva provocada por tantos anos de espera e pela frustração de chegar tarde, mesmo para um ajuste de contas.
Opinião
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