Empresas devem incentivar trabalhadoras a extrair leite materno

Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés defende ainda a criação de um banco de leite no Norte, a par do que existe na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Foto
daniel rocha/arquivo

A presidente da Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés (CNIAB) e ex-ministra da Saúde, Ana Jorge, defendeu esta segunda-feira que as empresas deviam criar locais e condições para incentivar as trabalhadoras a extrair leite materno no local de trabalho.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A presidente da Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés (CNIAB) e ex-ministra da Saúde, Ana Jorge, defendeu esta segunda-feira que as empresas deviam criar locais e condições para incentivar as trabalhadoras a extrair leite materno no local de trabalho.

Em declarações à Lusa no âmbito da Conferência Internacional de Aleitamento Materno, que se realiza a 8 de Novembro, em Vila Nova de Gaia, Ana Jorge defendeu também a criação de um banco de leite no Norte, que a par do que existe na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, “seriam suficientes para as necessidades do país”. “Seriam suficientes dada a nossa dimensão, sobretudo para resolver as questões mais complexas que são os bebés prematuros, uma vez que o leite materno, ainda que não seja da mãe, contribui para uma diminuição das complicações de saúde”, sublinhou.

A Conferência Internacional de Aleitamento Materno, em Vila Nova de Gaia, visa contribuir para “capacitar” famílias, pessoas e instituições, nomeadamente da área da saúde, para permitir que o aleitamento materno “seja mais eficaz e mais prolongado”. Entre os diversos temas em análise na Conferência realça-se os desafios colocados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e UNICEF que visam promover a importância de políticas favoráveis à família, que permitam a amamentação e ajudem os pais no relacionamento com os filhos no início de vida.

A alimentação nos primeiros 100 dias de vida, o papel dos municípios na promoção da alimentação saudável nos primeiros 1000 dias de vida, o Percurso para a certificação como Unidade de Saúde Amiga dos Bebés, e a revisão dos dez passos para “Hospitais Amigos dos Bebés” são outros temas que estarão em debate.

Em declarações à Lusa, a presidente da Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés (CNIAB), responsável pela organização da conferência, explicou que o encontro será “dedicado principalmente aos agrupamentos de centros de saúde e à comunidade, para que se organizem de forma a serem promotores para que os bebés possam ser alimentados com aleitamento materno mais e durante mais tempo”.

Segundo a responsável, no encontro será também apresentada e discutida a estratégia de alimentação para os primeiros 1000 dias de vida da criança. “Essa proposta está feita, falta ser aprovada, mas nós vamos apresentá-la e discuti-la. É uma proposta que defende, como um dos principais objectivos, que os bebés possam fazer aleitamento materno em exclusivo durante o primeiro ano, em exclusivo como único alimento até aos seis meses e aleitamento materno o mais tempo possível”, sublinhou.

Ana Jorge salientou ainda que, no encontro, serão entregues os certificados de reclassificação enquanto “Amigos dos Bebés” a cinco dos 15 hospitais que cumprem as regras para a promoção do aleitamento materno. A avaliação dos hospitais e outras unidades de saúde é da responsabilidade da OMS e da UNICEF. “Temos um único agrupamento de centros de saúde e temos mais dois já em franco progresso para poderem fazer este trabalho junto das mulheres e das famílias”, frisou, explicando que de três em três anos é feita uma reavaliação do trabalho das instituições para perceber se os critérios estão a ser cumpridos.