Risco de AVC é cinco vezes maior em doentes com fibrilhação auricular
A fibrilhação auricular é responsável por 20 a 30% dos Acidentes Vasculares Cerebrais isquémicos em todo o mundo. Para assinalar o Dia Mundial do AVC, comemorado a 29 de Outubro, alertamos para uma das suas principais causas, para a importância do diagnóstico precoce e destacamos o progresso terapêutico.
É a arritmia crónica mais frequente, atinge seis milhões de pessoas na Europa e mais de 250 mil portugueses. Falamos de fibrilhação auricular, uma alteração do ritmo cardíaco que resulta de múltiplas e complexas causas. E os números não ficam por aqui. A prevalência na população geral adulta portuguesa é de 2,5% mas vai aumentando progressivamente com a idade. A fibrilhação auricular atinge 6 a 7% de pessoas até aos 70 anos e, a partir desta faixa etária, quase 10%. Um em cada dez portugueses com mais de 70 anos desenvolve esta doença (ainda que a mesma possa afectar pessoas de qualquer faixa etária).
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É a arritmia crónica mais frequente, atinge seis milhões de pessoas na Europa e mais de 250 mil portugueses. Falamos de fibrilhação auricular, uma alteração do ritmo cardíaco que resulta de múltiplas e complexas causas. E os números não ficam por aqui. A prevalência na população geral adulta portuguesa é de 2,5% mas vai aumentando progressivamente com a idade. A fibrilhação auricular atinge 6 a 7% de pessoas até aos 70 anos e, a partir desta faixa etária, quase 10%. Um em cada dez portugueses com mais de 70 anos desenvolve esta doença (ainda que a mesma possa afectar pessoas de qualquer faixa etária).
Os idosos e pessoas com doenças cardiovasculares associadas integram os principais grupos de risco para esta patologia que já está a ser discutida pela Organização Mundial de Saúde como “uma doença incapacitante e particularmente gravosa”, explica Carlos Morais, médico cardiologista, director do serviço de cardiologia do Hospital Fernando da Fonseca e presidente da Associação Bate, Bate Coração. Fruto do aumento da esperança média de vida, a fibrilhação auricular acaba por estar de mãos dadas com a longevidade, sobretudo nos países europeus.
Habitualmente, o coração apresenta um ritmo regular, como os ponteiros do relógio. “Se considerarmos que o coração tem dois andares, localizando-se as aurículas em cima e os ventrículos em baixo, na fibrilhação auricular, dá-se uma espécie de curto-circuito eléctrico no andar de cima, que faz com que a contracção não seja regular nem homogénea”, explica Carlos Morais. Ainda que esta seja frequentemente uma doença silenciosa, existem sintomas ligados à fibrilhação auricular, como por exemplo, sensação de batimentos descoordenados do coração, pulsação rápida e irregular (com períodos de aceleração e desaceleração do seu ritmo), tonturas, sensação de desmaio ou mesmo perda do conhecimento, dificuldade em respirar, cansaço, confusão ou sensação de aperto no peito.
E depois do diagnóstico?
O problema da fibrilhação auricular é o risco – cinco vezes maior – de o doente vir a sofrer de um AVC quando comparado com pessoas que não têm fibrilhação auricular. “Esta doença é responsável por cerca de 20 a 30% dos AVC isquémicos que são os mais frequentes. Por outro lado, são habitualmente mais incapacitantes, mais graves e de pior prognóstico”, sublinha o médico cardiologista.
Uma vez diagnosticada fibrilhação auricular, existem opções terapêuticas ao dispor. Na maior parte das vezes, é necessário fazer uma terapêutica anticoagulante para evitar o risco de AVC. “Esta é a alternativa mais válida para a maior parte dos doentes”, garante Carlos Morais. Há cerca de oito anos, Portugal passou a ter acesso a novos fármacos – mais seguros e eficazes – que têm permitido dar maior conforto aos doentes e contribuir para uma maior adesão à terapêutica. “São de toma diária ou bidiária e não obrigam a fazer análises ao sangue, de controlo, o que acaba por trazer vantagens pois esta é uma medicação para o resto da vida.”
Cada doente é medicado de forma individual uma vez que existem alguns factores a ter em consideração no momento da prescrição médica. O sucesso terapêutico é tanto maior quanto mais esclarecidos estiverem os doentes. Colocar algumas questões em consulta, sem receio, pode ajudar nesta missão. Há quem pergunte porque é que a medicação tem de ser para o resto da vida, porque é que é importante a adesão total à terapêutica, sem falhas, e o que fazer em situações de acidente ou de emergência. O médico cardiologista Carlos Morais considera que “o ideal é que o doente seja portador da informação de que está a fazer medicação anticoagulante, das suas particularidades, e das opções de reversão do efeito anticoagulante em caso de emergência”.
A educação é a estratégia principal para sensibilizar a população sendo fundamental a relação de proximidade e de confiança entre médico e doente. Esse trabalho de sensibilização tem vindo a ser desenvolvido pela Associação Bate, Bate Coração que tem ajudado a colocar o tema das alterações do ritmo cardíaco na ordem do dia.