Vieira da Silva — O democrata radical que ainda não sabe o que vai fazer amanhã

Vieira da Silva vai fazer uma “transição para o vazio” quase 20 anos depois de ter tomado posse pela primeira vez enquanto governante. Não quer que o ministério onde passou os últimos anos se confunda com o seu nome. A viagem começa agora e garante que “sai, saindo”, sem deixar pontas soltas. O PÚBLICO acompanhou os últimos dias de trabalho do agora ex-ministro.

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O gabinete está em silêncio. É terça-feira de manhã, a última em funções para Vieira da Silva. Dá por si apoiado no parapeito da janela a contemplar a vista de mais de 180 graus. “Quando o céu está limpo, vê-se até à Arrábida”, mas dias há em “que nem se vê o Técnico”. Está a despedir-se. O Tejo está mais agitado do que o normal, mas são mais as vezes em que está parado, brilhante. Visto daqui, ao longe, do 16.º andar do edifício histórico da Praça de Londres, devolve a imagem como um espelho, metaforicamente falando, a quem para ele olha. É calmo, amplo, duradouro, sem pressas, mas agita-se com o que aí vem. “É uma transição para o vazio.”