Hospital das Forças Armadas ainda não operou um único doente do SNS

Acordo entre os ministérios da Saúde e da Defesa entrou em vigor em Junho de 2018 para reduzir listas de espera para cirurgia.

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Paulo Pimenta

Ainda nenhum doente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi operado no Hospital das Forças Armadas, ao abrigo do acordo que foi assinado entre os ministérios da Saúde e da Defesa para reduzir as listas de espera para cirurgia no serviço público e dar resposta aos doentes que estão próximos de atingir o tempo máximo de espera recomendado.

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Ainda nenhum doente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi operado no Hospital das Forças Armadas, ao abrigo do acordo que foi assinado entre os ministérios da Saúde e da Defesa para reduzir as listas de espera para cirurgia no serviço público e dar resposta aos doentes que estão próximos de atingir o tempo máximo de espera recomendado.

O acordo foi publicado em Junho do ano passado em Diário da República, assinado pelos então ministros Adalberto Campos Fernandes (Saúde) e José Azeredo Lopes (Defesa Nacional).

“Não foi operado nenhum doente” enviado pelo SNS no Hospital das Forças Armadas, “nem no pólo do Porto nem no pólo de Lisboa”, respondeu o gabinete do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas ao Jornal de Notícias, que na edição desta quarta-feira revela que a cooperação entre as duas entidades ainda não teve resultados práticos.

O mesmo jornal refere que o Ministério da Saúde não lhes respondeu por que razão não aproveitou a parceria. No final do ano passado e início deste ano, os enfermeiros fizeram greves direccionadas aos blocos operatórios que levaram ao adiamento de milhares de operações. O Ministério da Saúde disse, entretanto, que as cirurgias adiadas já tinham sido recuperadas.

Segundo o Relatório Anual de Acesso a Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas, relativo a 2018, realizaram-se quase 595 mil cirurgias no SNS, mas mais de 65 mil foram feitas nos hospitais convencionados ou protocolados. O tempo médio de espera para cirurgia aumentou, passando de 3,1 meses, registados em 2016 e 2017, para 3,3 meses, no ano passado.

A Administração Central do Sistema de Saúde reencaminhou as perguntas enviadas pelo Jornal de Notícias para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que disse que, “até agora, o Hospital das Forças Armadas não apresentou qualquer candidatura” para ser uma entidade convencionada com o SNS no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia (SIGIC).