Rui Sanches: reflexões sobre o passado

Primeira grande antológica do escultor Rui Sanches decorre em Lisboa em dois espaços distintos. É um percurso que, na escultura ou no desenho, trabalha obsessivamente a história das imagens

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Daniel Malhão

Num dos dois núcleos que compõem a grande antológica da obra de Rui Sanches, no Torreão Nascente da Cordoaria, somos acolhidos à entrada por uma peça desconcertante. Trata-se de uma composição feita com corda e pregos (Triângulo, de 1978), pendurada na parede, bem iluminada de forma a salientar sombras. Pensamos de imediato num processo elementar de medida do espaço, usado pelos séculos fora, e que permitia, graças a estes dois materiais tão simples, desenhar uma circunferência como um quadrado, levantar uma parede perpendicular ao chão ou delimitar um triângulo. Ou seja, logo à partida, Rui Sanches parece querer dizer-nos que neste lugar se ocupará do espaço e das formas que ele comporta.