Pedro Duarte critica atitude “quase bélica” de Rui Rio

O antigo líder da JSD reagiu, em nome da candidatura de Montenegro, e acusou Rio de quer “rasgar e dividir o partido entre os que gostam e os que não gostam dele”. Do lado de Pinto Luz, o avanço do actual líder foi considerado saudável

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Pedro Duarte é apoiante de Luís Montenegro para líder do PSD Nuno Ferreira Santos

Pedro Duarte, apoiante de Luís Montenegro, defendeu esta terça-feira que o anúncio de recandidatura de Rui Rio foi “clarificador”, porque dá aos militantes do PSD a possibilidade escolher entre “quem quer rasgar e dividir” e quem “pretende unir”.

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Pedro Duarte, apoiante de Luís Montenegro, defendeu esta terça-feira que o anúncio de recandidatura de Rui Rio foi “clarificador”, porque dá aos militantes do PSD a possibilidade escolher entre “quem quer rasgar e dividir” e quem “pretende unir”.

Em declarações à Lusa, o antigo líder da JSD reagiu, em nome da candidatura de Montenegro, ao anúncio feito na segunda-feira pelo presidente do PSD, Rui Rio, de que que se recandidata nas próximas eleições internas, em Janeiro.

“O anúncio foi clarificador e, nesse sentido, julgo que é positivo. Ficou muito claro que há duas linhas de orientação política que os militantes poderão escolher: por um lado, uma linha em que dr. Rui Rio afirma a vontade de separar, rasgar e dividir o partido entre os que gostam e os que não gostam dele”, afirmou, acusando o actual líder de pretender “condicionar o futuro do partido, excluindo os que considera não poderem fazer parte do seu projecto”.

Do outro lado, defendeu, está a candidatura encabeçada pelo antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro com “uma equipa diferente, que quer virar o PSD para o futuro e que pretende agregar, unir, juntar o maior número de militantes para que o PSD volte a ser forte na sociedade portuguesa”.

Questionado sobre o outro anúncio feito por Rio de que pretende liderar a bancada social-democrata até ao próximo Congresso do partido em Fevereiro, Pedro Duarte disse não querer comentar, embora classificando-o como “um passo no âmbito da campanha interna” do líder do PSD.

“Queria fazer um apelo nesta fase: temos visto que a liderança do dr. Rui Rio tem sido unipessoal e, muitas vezes, de utilização do partido para aquilo que é a sua própria estratégia pessoal. Mas, neste momento, o dr. Rui Rio não é só presidente do PSD, é também candidato”, alertou.

Por isso, Pedro Duarte apelou a que, numa fase de campanha interna, o presidente do partido “não use recursos e meios do PSD para fins pessoais”.

“O que assistimos ontem foi uma confusão que espero que não seja replicada de utilização da máquina do partido e recursos do partido para promoção pessoal da candidatura do dr. Rui Rio”, afirmou, apontando, por exemplo, que a conferência de imprensa foi marcada e divulgada nos canais e redes sociais do PSD e como uma iniciativa do presidente do partido.

O antigo secretário de Estado apelou a que a próxima eleição interna seja “transparente” e que seja clara a distinção entre o que é o PSD e o que “são candidaturas individuais que têm de estar em pé de igualdade”.

Sobre as críticas de Rui Rio aos seus opositores internos – acusou-os de se moverem por “vaidade pessoal” e de agirem em “grupos organizados” -, Pedro Duarte considerou-as “coerentes” com a estratégia do presidente do PSD nos dois anos do seu mandato.

“O dr. Rui Rio tem preferido fazer oposição ao seu partido do que ao PS, vem na linha do que tem sido a sua actuação”, disse.

Quanto ao argumento de Rio que o PSD corre o risco de fragmentação – apontando essa como uma das razões para se candidatar -, o antigo deputado social-democrata considera-a contraditória com a atitude do líder.

“A atitude confrontacional, quase bélica do dr. Rui Rio junto do partido, é o primeiro sinal de que a fragmentação existe quando o presidente do partido é o primeiro a provocá-la”, acusou, defendendo que a missão do próximo líder será “agregar e unir” e não promover qualquer “caça às bruxas” interna.

Apoiante de Pinto Luz considera “saudável"

Do lado de Miguel Pinto Luz, a reacção à recandidatura de Rui Rio coube ao presidente da concelhia de Coimbra do PSD, Nuno Freitas. “O anúncio da candidatura do dr. Rui Rio era esperado, e é saudável para a vida interna do PSD e também para o país”, transmitiu o dirigente à agência Lusa.

Na óptica do presidente da comissão política concelhia de Coimbra, a nova legislatura e o novo Governo trazem ao país “um novo ciclo político” que merece “uma orientação dos principais partidos”.

“A do PS é no sentido da continuidade, a do PSD deve ser discutida agora nas três candidaturas” ao nível “do posicionamento do partido e também de propostas políticas para que se possa perceber qual é a mudança que o PSD propõe para Portugal”.

Por isso, a recandidatura do actual líder dos sociais-democratas “é saudável” e a candidatura de Miguel Pinto Luz está disponível “para fazer esse debate, com todo o interesse do ponto de vista das principais ideias e dos conceitos que devem nortear a social-democracia nos próximos quatro anos”.

“Acho que nesta discussão do PSD todos somos bem-vindos, todos os que vêm por bem, é importante discutir de facto o futuro da social-democracia portuguesa e, portanto, isso faz-se de convicções, seguramente, mas também se faz de conceitos, ideias, novos protagonistas, de novas equipas, e é tudo isso que eu julgo que o Miguel Pinto Luz também vai conseguir trazer”, sustentou.

Notando que “o próprio PSD também está muito necessitado de força anímica” porque teve “uma derrota pesada e tem que reencontrar-se como um movimento de esperança para o país”, o dirigente de Coimbra diz ser preciso esperar para ver “a força anímica de todos” os candidatos à presidência - Miguel Pinto Luz, Rui Rio e Luís Montenegro.

Sobre a intenção de Rio em liderar a bancada parlamentar do partido até à realização do próximo congresso em Fevereiro, o presidente da concelhia de Coimbra ressalvou que “essa decisão cabe, em primeiro lugar, ao próprio grupo parlamentar” e apontou que “seguramente que a nova direcção política do partido vai tomar uma decisão definitiva sobre essa matéria”.

As eleições directas para eleger o próximo presidente do PSD deverão realizar-se em meados de Janeiro e o congresso na primeira ou segunda semana de Fevereiro, mas as datas concretas serão fixadas num conselho nacional marcado para 8 de Novembro, em Bragança.