Rui Rio recandidata-se à presidência do PSD e quer liderar a bancada parlamentar

Rui Rio quebrou o tabu: o líder do PSD será recandidato à presidência do partido nas próximas eleições directas, em Janeiro de 2020. Congresso será em Fevereiro.

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Rui Rio vai concorrer à presidência do PSD e liderar a bancada parlamentar até ao próximo congresso nacional do partido, que deverá realizar-se em Fevereiro, altura em que o novo líder da bancada deverá ser escolhido em definitivo.

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Rui Rio vai concorrer à presidência do PSD e liderar a bancada parlamentar até ao próximo congresso nacional do partido, que deverá realizar-se em Fevereiro, altura em que o novo líder da bancada deverá ser escolhido em definitivo.

O líder social-democrata quebrou esta segunda-feira o silêncio sobre o seu futuro político, numa declaração sobre as próximas eleições directas do PSD, previstas para meados de Janeiro. A ponderação deu lugar à candidatura. Rui Rio é o terceiro candidato assumido à liderança dos sociais-democratas, depois de Luís Montenegro e de Miguel Pinto Luz.

A partir de um hotel do Porto, onde foram notadas muitas ausências, como a do presidente da distrital do Porto, Alberto Machado, e do líder da concelhia, Hugo Neto, o social-democrata explicou as razões pelas quais se recandidata à liderança do PSD, afirmando temer uma “grave fragmentação do partido” caso não avançasse. E repetiu esta ideia por mais de uma vez.

“O PSD precisa de uma liderança que defenda a social-democracia e mantenha o partido no centro político, não permitindo que ele se transforme numa força partidária ideologicamente vazia ou de perfil eminentemente liberal”, sustentou, destacando o seu compromisso em assumir uma “postura corajosa e frontal”. Por outro lado, Rio insurgiu-se contra um “discurso dominado pelo cinismo e hipocrisia do politicamente correcto”.

Classificando como “uma decisão de elevada responsabilidade”, o líder do PSD disse ter tido em consideração dois pesos na balança: por um lado, “o sacrifício da vida pessoal, familiar e profissional” e, por outro, “os inúmeros apelos, ao longo das duas últimas semanas, feitos por largas dezenas de pessoas, de dentro e fora do partido” a favor de uma recandidatura.

Quanto aos “quase” 28% de votos que conseguiu nas legislativas de Outubro, Rio refere que estes resultados “significam que 1,5 milhão de portugueses confiaram no PSD com esta liderança e não com a de quem tudo tem feito para a destruir”.​

Aplaudido por diversas vezes ao longo da sua declaração, Rio deixou claro que se a decisão fosse “eminentemente pessoal” não seria candidato, mas o interesse do país sobrepôs-se. Citando Ortega Y Gasset, para quem “o Homem é ele e a sua circunstância”, Rio assumiu que “nesta circunstância, compete-lhe colocar o interesse público acima de tudo o mais e manter a sua disponibilidade para continuar a servir o PSD e, por seu intermédio, Portugal”.

“Estou disponível para disputar as próximas eleições internas, liderar a oposição ao Governo do Partido Socialista e conduzir o PSD às próximas eleições autárquicas”. Na sala ouviram-se aplausos e palavras de ordem PSD! PSD! PSD!

Antes de anunciar que iria assumir a liderança parlamentar até ao próximo congresso nacional, Rio mostrou-se disponível para lutar contra todas as adversidades inerentes ao exercício do cargo de líder da oposição, que – sublinhou – “é dos mais difíceis de executar numa democracia representativa”. Perante uma sala repleta de apoiantes e simpatizantes vindos sobretudo do distrito de Aveiro, liderados por Salvador Malheiro, vice-presidente do PSD, Rio por diversas vezes foi deixando cair recados aos seus adversários. “O partido não se pode deixar tomar por grupos organizados, de perfil pouco ou nada transparente”, atirou, avisando que não estará “disponível para voltar a enfrentar deslealdade e permanentes boicotes internos”, nos moldes em que teve de fazer ininterruptamente desde a sua tomada de posse em Fevereiro de 2018.

Quanto à liderança da bancada parlamentar, Rio disse ao que vinha. “Ela deverá estar em consonância com o presidente do partido, entretanto eleito. Nunca farei aos outros o que, na prática, me fizeram a mim”, prometeu. “Irei assumir eu próprio a liderança da bancada de molde a que o novo líder parlamentar seja apenas escolhido em definitivo após a realização do próximo congresso nacional”.

Na reunião da comissão política nacional, na passada quarta-feira, o secretário-geral do PSD, José Silvano, que esteve na sessão em que Rio anunciou a recandidatura à liderança, disse aos jornalistas que o presidente do partido tinha recebido o incentivo “praticamente unânime” dos dirigentes presentes para se recandidatar à liderança do partido.

A 9 de Outubro, três dias depois das eleições, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro anunciou que será candidato à presidência do PSD nas próximas directas, e, na sexta-feira, foi a vez de Miguel Pinto Luz, antigo líder da distrital de Lisboa, anunciar que vai estar também na corrida.

As eleições directas do próximo presidente do PSD deverão realizar-se em meados de Janeiro e o congresso na primeira ou segunda semana de Fevereiro, mas as datas concretas serão fixadas num conselho nacional que terá lugar em Bragança, na última semana de Outubro ou primeira de Novembro.