Aprender a salvar vidas? Sim, eu consigo
Se conseguires realizar as famosas compressões torácicas externas, como vemos inúmeras vezes nos filmes e séries, estás a duplicar ou triplicar as possibilidades de sobrevivência da vítima. As tuas mãos podem ajudar a salvar vidas.
Sabias que qualquer pessoa pode ser vítima de uma paragem cardiorrespiratória sem prévio aviso? O que frequentemente chamamos como “morte súbita”. Não é por acaso que as doenças do coração são a primeira causa de morte em muitos países.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Sabias que qualquer pessoa pode ser vítima de uma paragem cardiorrespiratória sem prévio aviso? O que frequentemente chamamos como “morte súbita”. Não é por acaso que as doenças do coração são a primeira causa de morte em muitos países.
Muitas das situações de morte súbita são presenciadas. Se nada fizermos, em poucos minutos, as possibilidades de sobrevivência são praticamente nulas. Não existe nenhuma ambulância ou viatura de emergência médica que consiga chegar ao local do incidente em menos de cinco minutos. E não chega mesmo se ninguém chamar!
Será que podemos fazer alguma coisa pela pessoa que não respira e o seu coração parou de trabalhar? Testa os teus conhecimentos: sabes reconhecer uma paragem cardiorrespiratória? Sabes qual o número de emergência nacional? Sabes quem atende a chamada se telefonares para esse número?
Se respondeste “sim”, “112” e “polícia”, está de parabéns. Com apenas uma chamada conseguiste activar a “cadeia da sobrevivência”. Se ainda conseguires realizar as famosas compressões torácicas externas, como vemos inúmeras vezes nos filmes e séries, estás a duplicar ou triplicar as possibilidades de sobrevivência da vítima. As tuas mãos podem ajudar a salvar vidas. Não tenhas medo. Fazer alguma coisa, mesmo de forma incorrecta, é melhor do que não fazer nada.
Educar toda a população em reanimação é impossível. À semelhança do que já se faz noutros países, a escola parecer ser o lugar mais adequado para começar. Os estudantes mostram especial interesse por temas de saúde, têm a capacidade de replicar o que aprenderam entre familiares e amigos e não têm medo de aplicar se assim for necessário.
As aprendizagens essenciais de Ciências Naturais do 9.º ano do ensino básico e as de Educação Física do 10.º Ano do ensino secundário já incluem abordagens específicas sobre como agir perante uma situação de paragem cardiorrespiratória. Equiparam a realização das manobras de reanimação como um acto de cidadania, ao exercer os seus deveres como cidadão. Envolver os professores nesta actividade favorece o respeito e o reconhecimento pela profissão e integra uma estratégia de sustentabilidade a longo prazo.
Aprender a reanimar requer mudar de atitude, adquirir conhecimentos e capacidades motoras. A questão será qual o caminho a seguir para desenvolver acções estratégicas para a sua aprendizagem.
Numa pesquisa informal que fiz durante o início do ano 2018, encontrei numerosas iniciativas distribuídas pelo país que incentivam e facilitam a aprendizagem em manobras de reanimação. Até é possível que tenhas ouvido falar em alguma. Praticamente todas seguem uma mesma direcção. Umas educam o aluno por intermédio dos seus professores. Outras realizam sessões para grandes grupos de estudantes. Ainda outras direccionam-se para toda a população. Todas têm algo em comum: actuam de forma isolada. Existe dificuldade em conhecer, ao certo, quantas iniciativas existem, como estão distribuídas no território, qual é a população a quem estão dirigidas e quantas pessoas já foram educadas. Juntar energias e entusiasmo parece ser o caminho certo para estruturar uma única resposta adequada capaz de aportar valor à saúde.
Apesar de a formação não ser certificada, existem alguns custos relacionados com seu funcionamento. O envolvimento das câmara municipais é fundamental para assegurar o acesso gratuito e sustentabilidade a longo prazo.