Partidos ecologistas tornam-se a segunda maior força na Suíça
Continua a existir uma maioria que faz da oposição à imigração o seu cavalo de batalha. Mas os efeitos das alterações climáticas no país dos Alpes criaram uma revolução política.
Os dois partidos ecologistas suíços tiveram uma grande subida nas eleições de domingo, enquanto o Partido do Povo Suíço, de extrema-direita e anti-imigração, apesar de continuar a ser o mais votado, sofreu uma queda nas preferências dos eleitores.
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Os dois partidos ecologistas suíços tiveram uma grande subida nas eleições de domingo, enquanto o Partido do Povo Suíço, de extrema-direita e anti-imigração, apesar de continuar a ser o mais votado, sofreu uma queda nas preferências dos eleitores.
O partido de extrema-direita, que conseguiu um número recorde de assentos parlamentares em 2015, ano da crise dos refugiados na Europa, teve 25,8% – menos 3,6 pontos percentuais que nesse ano. Os Verdes tiveram 13%, o que representa uma subida de 5,9 pontos em relação a 2015, e um outro partido mais centrista, o Partido Verde Liberal, teve 7,9% (mais 3,2 pontos).
Se se juntarem, os dois partidos ecologistas têm perto de 21% dos votos, tornando-se a segunda maior força no Parlamento – os sociais-democratas, que ficaram em segundo lugar, em termos absolutos, têm 16,8% (desceram dois pontos em relação a 2015).
Os dois partidos ganharam 26 lugares na Câmara Baixa do Parlamento, o que potencialmente lhes atribui um dos sete lugares no Governo (Conselho Federal). Os Verdes nunca tiveram direito a um assento no executivo, pelo que essa possibilidade consubstanciaria uma revolução na Suíça.
Em Dezembro, as duas câmaras do Parlamento vão eleger o Governo. E os Verdes mostram-se dispostos a lutar por lá estar. “A actual composição do Conselho Federal já não representa a situação política”, afirmou a líder dos Verdes Regula Rytz na televisão suíça.
“Isto não é uma onda verde, é um tsunami, um furacão”, disse na rádio Celine Vara, vice-líder dos Verdes que foi eleita para a Câmara Alta do Parlamento pelo cantão de Neuchatel.
A Suíça está longe do mar e é especialmente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas por causa das suas montanhas. Os gelos dos Alpes dão múltiplos sinais de não resistir à subida do termómetro – as temperaturas no país estão a aumentar duas vezes mais que a média global.