MoMA, um museu mais aberto em Nova Iorque

Museu de arte moderna, em Manhattan, reabre ao público renovado e aumentado pela mão do atelier da arquitecta Elizabeth Diller. Um MoMA virado para o século XXI.

Fotogaleria

Mais espaço, mais luz, melhor circulação, maior proximidade com os potenciais visitantes em Manhattan e, acima de tudo, uma nova forma de encarar e de mostrar a arte contemporânea — é esta a nova face do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, que, depois de quatro meses de obras, reabre ao público esta segunda-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Mais espaço, mais luz, melhor circulação, maior proximidade com os potenciais visitantes em Manhattan e, acima de tudo, uma nova forma de encarar e de mostrar a arte contemporânea — é esta a nova face do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque, que, depois de quatro meses de obras, reabre ao público esta segunda-feira.

A presente ampliação e renovação do edifício que, desde 1939 (uma década após a fundação do museu), acolhe o MoMA no endereço 11 West, 53th Street é da responsabilidade do atelier Diller Scofidio + Renfro, cujo projecto teve como principal preocupação, além do aumento dos espaços expositivos, aproximar o museu da rua, o que está patente na ampla porta de cristal e no hall que agora recebe os visitantes, funcionando como “um novo espaço cívico”, como disse no passado dia 10 a arquitecta Elizabeth Diller, citada pelo jornal espanhol ABC, no anúncio da reabertura da instituição.

O MoMA tem agora mais 12 mil metros quadrados de área de exposições, resultantes não apenas da reordenação do edifício, mas também da expansão para o espaço vizinho que acolhia o American Folk Art Museum — cuja demolição foi justificada por Diller como “uma decisão dura, mas inevitável” —, e, do outro lado, para os primeiros pisos de um novo arranha-céus projectado pelo francês Jean Nouvel. A tónica na apresentação do renovado MoMA foi a de “conseguir o espaço que [nos] permita repensar a experiência da arte no museu, repensar a forma de partilhar a arte com o público”, disse aos jornalistas o director, Glenn D. Lowry.

É assim que o programa do MoMA para o século XXI aponta para uma alteração do próprio modelo de exposição das obras: deixará de haver uma ordenação disciplinar e histórico-cronológica; as mostras da colecção permanente — o museu de Manhattan detém reconhecidamente, no conjunto das suas mais de 200 mil obras, o mais importante acervo mundial de arte moderna e contemporânea — passarão a ser renovadas a cada seis ou nove meses; vão passar a ser valorizados os trabalhos de mulheres e os provenientes das diferentes geografias mundiais; e a pintura irá, a partir de agora, coabitar mais regularmente com a escultura, a arquitectura, o design, a fotografia, o cinema, o vídeo, a performance e trabalhos sobre papel.

Foto
Renovadas escadas Bauhaus atelier Diller Scofidio + Renfro

“Já quando Alfred Barr [director do MoMA entre 1929 e 1943] o imaginou nos anos 30, pensou num laboratório que deveria evoluir com a própria história da arte. Mas o museu não só evolui como se questiona a si mesmo continuamente. Estamos sempre a perguntar-nos sobre o que é que estamos a fazer e como o fazemos. Pouco tempo depois de ter chegado aqui, percebi que a ideia de contar a história da arte como se se conhecesse o seu final deveria ser reconsiderada totalmente. É um debate permanente, e é bom não ter respostas, porque o importante são as perguntas”, justificou Glenn D. Lowry, que chegou à direcção do MoMA em 1995, citado pelo jornal El País.

O director do museu fez também questão de assinalar que a história da arte já não é “uma sucessão de épocas terminadas em ‘ismo’ — o impressionismo, o cubismo, o expressionismo abstracto… —, é antes uma narrativa que se pode construir a partir de diferentes perspectivas, misturando épocas, técnicas, estilos, linguagens.

É essa nova abordagem e aproximação à história e ao presente da arte que o MoMA se propõe privilegiar, com uma série de inovações que passam, por exemplo, pela criação do Marie-Josée and Henry Kravis Studio, especialmente dedicado às artes performativas, e do Paula and James Crown Creativity Lab, um laboratório experimental que acolherá encontros com artistas, debates e a procura de novas formas de exploração do próprio museu.

Foto
Vista da rua com loja do museu ampliada atelier Diller Scofidio + Renfro

Estas inovações, especificamente viradas para a conquista de novas gerações de públicos, não impedirão, contudo, a visita e a visão das suas obras-primas, como o seminal Les Demoiselles d’Avignon e outros trabalhos de Picasso. Há até um percurso específico para quem quiser ir directamente aos “clássicos” da arte moderna e contemporânea, agora expostos em diálogos imprevistos com criações dos nossos dias.

A intervenção agora realizada pela equipa de Elizabeth Diller, que custou 450 milhões de dólares (cerca de 407 milhões de euros), sucede a várias outras que têm sido realizadas ao longo do último século, a começar pela do arquitecto norte-americano Philip Johnson, nos anos 1950-60, seguindo-se a do argentino César Pelli (anos 80) e, em 2004, a realizada pelo japonês Yoshio Taniguchi, que coincidiu com a renovação da equipa curatorial do próprio museu.

Para a (re)inauguração, o MoMA apresenta exposições, instalações, performances e filmes, sete programas à disposição do público, que, a partir de agora, terá de pagar, por um bilhete normal, 25 dólares.