Dívida média da Thomas Cook aos hotéis portugueses varia entre 70 e 100 mil euros
A Associação de Hotéis de Portugal revelou que as cadeias com perdas maiores têm seguros, que atenuam os danos provocados pelo colapso da operadora britânica participada pela Fosun (dona do BCP e Fidelidade).
A presidente executiva da Associação de Hotéis de Portugal (AHP) afirmou este sábado que a média da dívida da Thomas Cook aos hotéis é de 70 a 100 mil euros e que as cadeias com perdas maiores têm seguros de crédito.
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A presidente executiva da Associação de Hotéis de Portugal (AHP) afirmou este sábado que a média da dívida da Thomas Cook aos hotéis é de 70 a 100 mil euros e que as cadeias com perdas maiores têm seguros de crédito.
“A média de dívida ronda entre os 70 e os 100 mil euros, isto é dívida vencida e que vai ser reclamada nas insolvências. Agora, há insolvências em cascata, foi mais uma na Alemanha e também já divulgámos quem é o administrador da massa falida para serem reclamados créditos”, disse Cristina Siza Vieira à Lusa.
A responsável, ressalvou ainda que, tal como foi anunciado, há grupos hoteleiros no Algarve com valores em dívida bem mais altos, mas que na sua “maioria tinham seguros de crédito”. “No fundo, de algum modo, mesmo estes grupos que tinham uma dívida grande tinham seguros de créditos. Esta questão está bastante bem assegurada”, reforçou Cristina Siza Vieira.
Para a responsável, a expectativa está no que vai ser feito para garantir o negócio da operação que a Thomas Cook detinha.
“Relativamente ao futuro, agora é um bocadinho uma reorganização do mercado [tal como afirmou a Organização Mundial do Turismo]. O que se sente é que já há movimentações para ver quem é que fica com o mercado Thomas Cook a nível internacional. Vai ser importante também na WTM [uma das maiores feiras de turismo], em Londres, ver como é que se vai distribuir esta nova capacidade”, acrescentou a presidente executiva da AHP.
Ou seja, “é maior a perda de negócio futuro, do que o prejuízo imediato”, resumiu.
A Thomas Cook entrou em suspensão de pagamentos em 23 de Setembro ao não obter os fundos adicionais de 200 milhões de libras (cerca de 227 milhões de euros) que os bancos - como o RBS e o Lloyds - exigiam para fazer face aos meses de inverno, o que deixou “um buraco” de mais de 3000 milhões de libras (3370 milhões de euros).
No mesmo dia, as entidades algarvias afirmavam temer que a falência da Thomas Cook deixasse por pagar os serviços prestados na época alta na região, apesar de os turistas deste operador representarem apenas 0,2% dos passageiros do aeroporto de Faro.
Na altura, a Região de Turismo do Algarve (RTA) revelou que o peso da Thomas Cook já vinha a diminuir no Algarve, reflexo da “concorrência das companhias low cost [baixo custo] e das reservas online”, representando, actualmente, 10 mil turistas desembarcados no aeroporto de Faro, “apenas 0,2% do número anual de passageiros.”
Em 27 de Setembro, o Governo português anunciou que as empresas afectadas pela insolvência do operador turístico teriam à disposição uma linha de apoio com um montante até 1,5 milhões de euros para financiar necessidades de tesouraria.
Já em 9 de Outubro, a agência independente de turismo Hays Travel anunciou que vai comprar as 555 agências da Thomas Cook no Reino Unido, o operador turístico britânico que pediu falência em Setembro.