“Agora que cheguei à minha última edição do Doclisboa posso dizer que nunca gostei de documentário!” Cíntia Gil solta uma gargalhada que ecoa pelos ainda vazios corredores de madeira e carpete vermelha da Culturgest enquanto diz estar a “sair do armário”. Mas é um “sair do armário” puramente em termos de designações convencionadas. “O que quero dizer com isto é que nunca me consciencializei de que o documentário era um género de cinema,” explica a programadora. “Para mim era cinema, ponto final. E portanto eu, e a equipa do Doclisboa, temos muitos problemas com a classificação do cinema documental. Para nós, são filmes em que há uma profunda relação, uma profunda intimidade, entre alguém e um real qualquer, um mundo. Como é que essa pessoa o faz, quais é que são as suas metodologias — aí é que se vai jogar o rasgo: como é que essa pessoa inventa a forma para dar essa relação, essa intimidade com o mundo.”
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