Romance sobre crise de refugiados valeu a Julieta Monginho o Prémio Fernando Namora

Um Muro no Meio do Caminho, romance editado em 2018 sobre a crise de refugiados, recebeu voto unânime do júri do Prémio Literário Fernando Namora.

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Com Um Muro no Meio do Caminho, a escritora Julieta Monginho venceu por “unanimidade” o Prémio Literário Fernando Namora, anunciou esta quarta-feira a Estoril-Sol, promotora do Galardão que tem um valor pecuniário de 15 mil euros.

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Com Um Muro no Meio do Caminho, a escritora Julieta Monginho venceu por “unanimidade” o Prémio Literário Fernando Namora, anunciou esta quarta-feira a Estoril-Sol, promotora do Galardão que tem um valor pecuniário de 15 mil euros.

Na deliberação do júri, ao qual presidiu Guilherme d'Oliveira Martins, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, assinala-se que Um Muro no Meio do Caminho (editado em 2018) é um romance que se “constrói sobre uma das mais pungentes tragédias contemporâneas: a dos refugiados, sobretudo sírios, em fuga de loucuras humanas cada vez mais selváticas”. “Os tormentos experienciados em campos de refugiados, particularmente no campo da ilha de Chios, desenha o contexto em que Julieta Monginho situa a problemática deste drama contemporâneo”, lê-se na decisão.

O júri enfatizou ainda que, “escrevendo num registo muito vivo e dinâmico, beneficiando da experiência pessoal que viveu no campo de Chios, em 2016, a autora vai traçando retratos de mulheres mergulhadas num universo de dor e luto, mas também de esperança. Um livro que, sob a forma de um olhar simultaneamente afectuoso e triste, nos revela a face de uma humanidade perdida de si mesma”.

Julieta Monginho nasceu em Lisboa, em 1958, e exerce funções como magistrada do Ministério Público na jurisdição de família e crianças. Juízo Perfeito ​foi a sua estreia literária em 1996, tendo-se seguido A Paixão Segundo os Infiéis (1998), À Tua Espera (2000), que lhe valeu o Prémio Máxima de Literatura, Dicionário dos Livros Sensíveis (2000), Onde Está J? (2002) e A Construção da Noite (2005). Com A Terceira Mãe (2008) venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, e com Metade Maior (2012) foi finalista dos Prémios Fernando Namora e Correntes d'EscritasOs Filhos de K. (2015) também esteve entre os finalistas dos prémios Fernando Namora e P.E.N. Clube.

Além de Guilherme d'Oliveira Martins, o júri desta 22.ª edição do Prémio Literário Fernando Namora foi constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, por Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual, e por Dinis de Abreu, pela Estoril-Sol.

No ano passado, o vencedor foi Carlos Vale Ferraz, com A Última Viúva de África.