Qualidade dos estágios domina debate de candidatos à Ordem dos Advogados

O debate entre os seis candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados realizou-se esta segunda-feira em Coimbra.

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Enric Vives-Rubio

A exigência de qualidade na formação dos estagiários de advocacia, mantendo o exame de agregação, dominou nesta segunda-feira um debate entre os seis candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados (OA) realizado em Coimbra.

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A exigência de qualidade na formação dos estagiários de advocacia, mantendo o exame de agregação, dominou nesta segunda-feira um debate entre os seis candidatos a bastonário da Ordem dos Advogados (OA) realizado em Coimbra.

“O exame de agregação não pode acabar. Não faz sentido, ainda que sendo esta uma profissão liberal”, defendeu o candidato António Jaime Martins, durante a sessão promovida pelo Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra (NED-AAC). É necessário “mexer no estágio, torná-lo mais eficiente e mais eficaz, mas acabar com a prova de agregação, de maneira nenhuma”, afirmou, no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC).

Também o actual bastonário, Guilherme Figueiredo, que se candidata a um segundo mandato à frente da Ordem dos Advogados, no triénio 2020-2022, disse que o exame de agregação dos estagiários deve manter-se.

“Há alterações que é preciso fazer, mas não acabar com o exame de agregação. É de bom senso não deixarmos cair o exame”, preconizou, realçando a importância de “não criar um estigma de facilidades” que, na sua opinião, colocaria em causa a imagem da OA na sociedade.

Para Isabel da Silva Mendes, o acompanhamento dos estagiários de advocacia pelos patronos “deve ser rigorosíssimo”, para preservar a qualidade de “uma profissão em que o cidadão acredita”. “Ser patrono é uma grande responsabilidade que nos sai muito cara”, referiu a candidata, ao alertar que “não há neste momento trabalho para tantos advogados” em Portugal.

Varela de Matos criticou a “má qualidade da formação” dos futuros advogados, “por ausência de fiscalização da Ordem”. A sua formação “deixa muito a desejar, porque os formadores não são contratados por concurso público”, disse, considerando que “são arbitrários e elevados” os montantes cobrados pela Ordem dos Advogados aos formandos.

Já Ana Luísa Lourenço defendeu que, “se a Ordem lucrar com essas taxas, elas terão de ser reduzidas”. No seu entendimento, importa tomar medidas que combatam “o risco de criar advogados de secretaria e não advogados forenses”.

Menezes Leitão, por seu turno, afirmou que “a profissão deve ser de acesso livre, mas não de acesso fácil”. “Não podemos abolir o nosso exame de agregação. Ele é absolutamente essencial e a cédula profissional é um selo de qualidade”, segundo o candidato a bastonário da Ordem dos Advogados.

A precariedade dos advogados e a autonomia técnica, os estágios e as custas judiciais foram alguns dos temas em discussão, que foi moderada por Rafael Vale e Reis, professor da FDUC, Pedro Marques Dias, aluno da FDUC e presidente do NED-AAC, e Joana Gomes, jurista e jornalista da Rádio Universidade de Coimbra.