Caso Alcochete: Procuradora Cândida Vilar punida com 15 dias de multa

No despacho final do processo, magistrada queixou-se da falta de perícias técnicas realizadas pela Polícia Judiciária. Tom agressivo durante interrogatórios também foi alvo de processo disciplinar.

Foto
Academia do Sporting MÁRIO CRUZ/Lusa

A procuradora responsável pelo caso da invasão à academia do Sporting em Alcochete, Cândida Vilar, foi punida com 15 dias de multa por uma falta de zelo relacionada com uma frase da acusação deste processo, apurou o PÚBLICO. A procuradora tinha reclamado do castigo, mas, tal como consta no boletim informativo do Conselho Superior do Ministério Público, os membros do plenário confirmaram “por unanimidade” o castigo na reunião de 10 de Setembro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A procuradora responsável pelo caso da invasão à academia do Sporting em Alcochete, Cândida Vilar, foi punida com 15 dias de multa por uma falta de zelo relacionada com uma frase da acusação deste processo, apurou o PÚBLICO. A procuradora tinha reclamado do castigo, mas, tal como consta no boletim informativo do Conselho Superior do Ministério Público, os membros do plenário confirmaram “por unanimidade” o castigo na reunião de 10 de Setembro.

A primeira decisão foi tomada pela Secção Disciplinar daquele conselho superior a 11 de Julho. 

Contactada pelo PÚBLICO, a procuradora Cândida Vilar preferiu não fazer comentários sobre o processo, alegando que ainda não foi notificada da decisão. Não esclareceu se pretende recorrer para os tribunais.

No despacho final de Alcochete, Cândida Vilar deixou clara a ideia de que teria sido forçada a avançar com a acusação, devido ao risco de três arguidos serem libertados por excesso de prisão preventiva. “A investigação não está totalmente concluída”, afirmava a procuradora, queixando-se de não possuir o resultado das perícias técnicas feitas pela Polícia Judiciária ao telemóvel de André Geraldes, antigo team manager do Sporting, que estavam a ser realizadas num outro processo.

Devido a esta falta de provas, Cândida Vilar acabaria por arquivar as suspeitas quanto a André Geraldes no alegado conhecimento e envolvimento do então director na invasão da academia “leonina” e posteriores agressões ao plantel do Sporting.

De acordo com o despacho final, Bruno Jacinto, membro da claque Juventude Leonina, terá avisado com antecedência André Geraldes do ataque à academia. Cândida Vilar detalha que o telefone de Bruno Jacinto também não terá fornecido provas relevantes para o processo, dado que o programa de análise de dados da Polícia Judiciária não permitia recolher informação daquele aparelho.

A procuradora tem, pelo menos, mais dois processos disciplinares pendentes. Um deles está também relacionado com o caso da invasão à academia de Alcochete. A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou, em Novembro de 2018, a abertura de um inquérito disciplinar à procuradora, devido ao tom agressivo utilizado pela magistrada em alguns interrogatórios realizados em Junho desse ano.

Os áudios das inquirições foram divulgados pela estação televisiva CMTV, num momento em que o processo se encontrava em segredo de justiça, facto que motivou a “instauração de um processo criminal” por parte da PGR.