Governos da União Europeia “limitam” vendas de armas à Turquia

Erdogan diz que não vai parar avanço para Manbij, onde já chegaram as forças de Assad.

Foto
Mercenários árabes sírios avançam no território curdo no âmbito da operação lançada pela Turquia KHALIL ASHAWI/Reuters

Os governos da União Europeia concordaram em suspender vendas de armas à Turquia, na sequência da operação militar lançada por Ancara contra os curdos da Síria.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os governos da União Europeia concordaram em suspender vendas de armas à Turquia, na sequência da operação militar lançada por Ancara contra os curdos da Síria.

O New York Times destaca que foi a primeira vez que uma decisão do género foi tomada em relação a um aliado da NATO (apenas seis estados da UE não são membros da NATO), e dizem que os elementos legais e práticos de uma decisão destas são complicados, justificando assim a solução encontrada de suspender a venda de armas por cada um dos Estados-membros individualmente e não um embargo conjunto.

Mas como comentou o antigo representante da União Europeia em Ancara Marc Pierini ao diário Le Monde, esta medida é sobretudo simbólica, pretendendo mostrar à Turquia o seu isolamento – sem ter grande possibilidade de gerar efeitos na ofensiva a que estes países se opõem. “A operação [turca na Síria] está preparada há muito e certamente que tanto as Forças Armadas turcas como o Presidente Recep Tayyip Erdogan tomaram precauções e dispõem de todos os stocks necessários”, comentou.

Apesar de tudo, o comunicado comum dos 28 foi visto como um avanço, dada a relutância em Estados-membros como a Hungria ir contra a Turquia de Erdogan, depois de este ameaçar que “abriria as comportas”, deixando passar os refugiados que estão no seu território e gostariam de chegar a Europa.

Pelo seu lado, Erdogan prometeu continuar a operação, feita com base em mercenários árabes (afastados, em 2015, de cidades árabes da região pelos curdos). Isto apesar de as forças do exército sírio, de Bashar al-Assad, terem chegado a Manbij para apoiar os curdos, após um acordo da véspera.

O político curdo Aldar Xelil disse à Reuters que este não é ainda um acordo político, que vai implicar “negociações longas e directas”. Mas a prioridade agora é “proteger a segurança da fronteira do perigo turco”, comentou.

Enquanto isso, o Presidente russo, Vladimir Putin, visitava a Arábia Saudita, aliado-chave dos EUA – um sinal da crescente importância da Rússia, cuja intervenção foi decisiva para a vitória de Assad, na região. De lá veio um aviso: um conselheiro de Vladimir Putin disse em Riad que a ofensiva turca “não é exactamente” compatível com a integridade territorial síria, e que deve ser “proporcionada”.