Quarentões que caminham devagar têm cérebros e corpos mais envelhecidos

Um estudo que acompanhou de perto um grupo de cerca de mil neozelandeses, desde o nascimento até agora, concluiu que a velocidade de marcha reflecte o envelhecimento.

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A investigação teve por base 1037 indivíduos, nascidos entre Abril de 1972 e Março de 1973 BONNIE KITTLE/UNSPLASH

A velocidade a que as pessoas com mais de 40 anos caminham é um sinal de como os seus cérebros e corpos estão a envelhecer, sugere um estudo do departamento de Psicologia e Neurociência da Universidade de Duke (Durham, Inglaterra).

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A velocidade a que as pessoas com mais de 40 anos caminham é um sinal de como os seus cérebros e corpos estão a envelhecer, sugere um estudo do departamento de Psicologia e Neurociência da Universidade de Duke (Durham, Inglaterra).

“Este estudo descobriu que uma caminhada lenta é sinal de problemas [que podem ser analisados] décadas antes da [entrada na] velhice”, considerou a professora e psicóloga clínica norte-americana de origem germânica Terrie Edith Moffitt, citada pela BBC, reconhecida pelo seu trabalho pioneiro na investigação do comportamento anti-social em parceria com o co-autor do estudo, o israelo-americano Avshalom Caspi.

O trabalho, publicado, a 11 de Outubro, na revista médica JAMA Network Open, da Associação Médica Americana (AMA, na sigla original), pela investigadora-parceira dinamarquesa Line Jee Hartmann Rasmussen, doutorada em Imunologia e Doenças Infecciosas, reflecte um trabalho de mais de quatro décadas. A investigação em causa teve por base 1037 indivíduos, nascidos entre Abril de 1972 e Março de 1973, em Dunedin, na Nova Zelândia, e, depois de uma primeira avaliação ao nascimento, os participantes foram avaliados de dois em dois anos, dos 3 aos 15; de três em três, dos 15 aos 21; de cinco em cinco ou de seis em seis anos, até aos 38 anos. A última avaliação foi feita em Abril de 2019, quando todos os indivíduos tinham mais de 45 anos completos, tendo sido realizada em 904 dos 997 participantes vivos.

Nessas avaliações foram efectuados testes físicos e cognitivos, além de exames de neuro-imagem cerebral, ao mesmo tempo que foi medida a velocidade de marcha média de cada um. A conclusão indica que quem caminha mais devagar tem tendência a mostrar sinais de um envelhecimento rápido nos pulmões, dentes e sistema imunitário. Porém, a conclusão mais surpreendente para os investigadores está relacionada com o cérebro: caminhar devagar resulta num cérebro mais envelhecido.

Além do mais, os investigadores observaram terem sido capazes de prever a velocidade de marcha de cada indivíduo aos 45 anos apenas tendo por base os resultados dos testes de inteligência e de aptidão motora e de linguagem de quando tinham apenas três anos — os participantes que estão hoje entre os que caminham mais devagar tiveram um resultado nos testes de coeficiente de inteligência (QI) de menos 12 pontos do que aqueles que hoje caminham mais depressa.

Em resumo, a velocidade de marcha de alguém na casa dos 40 anos é, indicam as conclusões, um indicador do processo de envelhecimento. E, de acordo com o mesmo estudo, não só os sistemas internos de quem caminha mais devagar revelam um envelhecimento mais rápido, como as suas faces exibem mais sinais da idade, e os seus cérebros têm um menor volume, facto que pode associar a marcha lenta a um maior risco de demência.

Ainda segundo a mesma equipa internacional de investigadores, as diferenças quer na saúde quer no nível de QI podem ser resultado de diferentes condições de vida, mais ou menos saudáveis, mas o futuro pode ser previsto numa tenra idade, o que abre caminho a procedimentos preventivos

Actualmente, segundo a BBC, há vários tratamentos a serem investigados, desde dietas de baixas calorias até ao uso da metformina, um antidiabético oral, que poderão inverter a tendência, a partir do momento em que os indicadores são diagnosticados.