Nobel da Economia vai para Banerjee, Duflo e Kremer. Estudam como aliviar a pobreza
Economistas vencem o prémio pelos seus contributos no campo da economia do desenvolvimento, nomeadamente pela utilização de métodos experimentais para estudar quais as melhores políticas de alívio da pobreza.
O prémio Banco da Suécia de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, mais conhecido por Nobel da Economia, foi atribuído esta segunda-feira a Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer , anunciou a Real Academia Sueca das Ciências.
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O prémio Banco da Suécia de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, mais conhecido por Nobel da Economia, foi atribuído esta segunda-feira a Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer , anunciou a Real Academia Sueca das Ciências.
Os três laureados têm desenvolvido o seu trabalho no campo da economia do desenvolvimento e o prémio foi atribuído, como explicou a Real Academia Sueca das Ciências, pelos métodos inovadores utilizados para analisar quais as melhores políticas para o alívio da pobreza. Michael Kremer nos anos 1990 e, mais tarde, Abhijit Banerjee e Esther Duflo (que são casados), os três trabalhando muitas vezes em parceria, adoptaram métodos experimentais para obterem respostas mais fiáveis a uma questão onde muitas vezes os economistas têm falhado: qual a melhor forma de retirar o maior número de pessoas possível de uma situação de pobreza extrema?
Em vez de tentarem encontrar uma única e grande solução, os economistas dedicaram-se à análise de vários pequenos problemas realizando experiências económicas no terreno das quais resultaram respostas sobre qual o melhor tipo de políticas de combate à pobreza utilizar. Conseguiram, dizem os responsáveis da Academia no seu comunicado, “melhorar consideravelmente a nossa capacidade para combater a pobreza no globo”. “Em apenas duas décadas, o seu novo método baseado em experiências transformou a economia do desenvolvimento, que é agora um campo de investigação florescente”, afirmam.
Michael Kremer, da Universidade de Harvard, e Abhijit Banerjee, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), têm nacionalidade norte-americana. Esther Duflo, também do MIT, é francesa.
Esther Duflo, com 46 anos, tornou-se na vencedora mais jovem da história do Nobel da Economia e é também apenas a segunda mulher a ser distinguida com este prémio. Até agora, a única mulher a receber o prémio Nobel da Economia tinha sido a norte-americana Elinor Ostrom, em 2009, pela “sua análise na área da governação económica”.
A economista francesa, a responder por telefone aos jornalistas que, em Estocolmo, acompanhavam o anúncio do prémio, manifestou-se surpreendida por ter recebido este prémio tão cedo e explicou o trabalho realizado pelos três economistas vencedores como uma tentativa de compreender “as raízes profundas e interligadas da pobreza”. “Demasiadas vezes, os responsáveis pelas políticas generalizam sobre as pessoas em situação de pobreza”, diz, assinalando que tanto se se chega à conclusão simplista que os pobres são preguiçosos ou que são empreendedores, sem verdadeiramente se conhecerem as causas. “O que nós fazemos é distinguir os problemas, um de cada vez, examinando-os o mais cientificamente possível”, afirma.
Em relação ao facto de ser, em meio século, apenas a segunda mulher a receber o prémio, Esther Duflo disse esperar que o anúncio desta segunda-feira possa “inspirar muitas mulheres a continuarem a trabalhar”, mas assinalou as dificuldades que uma mulher pode sentir para ser bem sucedida no campo da investigação económica. “Estamos numa fase em que nos começamos a aperceber nesta profissão que a forma como nos comportamos uns com os outros em privado e em público nem sempre contribui para criar um bom ambiente para as mulheres”, disse.
O Nobel da Economia é atribuído desde 1969 e o seu nome oficial é Prémio Banco de Suécia de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel.