Vitória para o maior outsider nas eleições tunisinas
O constitucionalista conservador Kais Saïed tem uma vitória esmagadora, segundo as primeiras projecções eleitorais.
Sondagens à boca das urnas dão a vitória nas presidenciais da Tunísia a Kais Saïed, o especialista em direito constitucional de perfil conservador, sem passado político. Uma previsão da empresa Emrod dava-lhe 72,53% dos votos, face ao seu concorrente Nabil Karoui, com 27,47%.
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Sondagens à boca das urnas dão a vitória nas presidenciais da Tunísia a Kais Saïed, o especialista em direito constitucional de perfil conservador, sem passado político. Uma previsão da empresa Emrod dava-lhe 72,53% dos votos, face ao seu concorrente Nabil Karoui, com 27,47%.
Karoui, empresário dos media, esteve detido preventivamente desde Agosto até há poucos dias, sob suspeita de lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Mas não terá contado muito o feito surpresa da sua libertação, após ter sido aceite o recurso que apresentou junto do Tribunal Administrativo a pedir o adiamento das eleições ao argumentar não ter as mesmas condições que o seu adversário.
Segundo o Huffington Post Maghreb, Saïed ganhou na maior parte do país, com votações a rondar os 90% nas zonas interiores e mais pobres. Mesmo na Grande Tunes, este candidato de perfil conservador, que propõe o regresso da pena de morte e que se opõe à igualdade entre homens e mulheres em questões sucessórias, terá conseguido bons resultados: sempre acima dos 60% das preferências dos eleitores.
Na sede do candidato, canta-se o slogan da sua campanha: “O povo quer!”, e agitam-se bandeiras.
As eleições decorreram com normalidade, dizem os observadores, citados pela publicação Jeune Afrique. A participação dos eleitores foi de 58,5 %– um pouco abaixo dos 64% de participação nas presidenciais de 2014.
Oito anos depois da revolução que derrubou o ditador Ben Ali, que morreu no mês passado, o sentimento dominante é no entanto de profundo descontentamento face à classe política. A disputa da segunda volta das presidenciais por candidatos que furam a lógica dos partidos que têm dominado a paisagem política atesta-o, bem como o resultado das eleições legislativas, há uma semana, que produziram um Parlamento muito fragmentado.