Um ano depois da tempestade Leslie, Mira ainda não recebeu o fundo criado pelo Governo
Os prejuízos em Mira foram avaliados em cerca de 136 mil euros, um impacto menor do que nos concelhos vizinhos.
Mira ainda não recebeu apoio financeiro do Fundo de Emergência Municipal (FEM) criado pelo Governo para “reposição e reparação de infra-estruturas e equipamentos municipais” atingidos pela tempestade tropical Leslie, em Outubro de 2018, foi anunciado esta sexta-feira.
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Mira ainda não recebeu apoio financeiro do Fundo de Emergência Municipal (FEM) criado pelo Governo para “reposição e reparação de infra-estruturas e equipamentos municipais” atingidos pela tempestade tropical Leslie, em Outubro de 2018, foi anunciado esta sexta-feira.
“Pelo que sabemos, não somos o único município que não recebeu ainda os apoios financeiros previsto pelo FEM no âmbito do Orçamento do Estado para 2018”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara Municipal de Mira, Raul Almeida, lamentando o atraso nos pagamentos.
A passagem da tempestade tropical Leslie por este concelho do distrito de Coimbra teve um impacto menor do que nos concelhos vizinhos, tendo os prejuízos sido avaliados em pouco mais de 136 mil euros.
“Os estragos causados directamente pelo Leslie não foram muito significativos, limitando-se a árvores e muros caídos e à destruição de sinais de trânsito e outra sinalética municipal”, reconhece Raul Almeida.
O autarca esclarece, no entanto, que a tempestade tropical “veio agravar as marcas de destruição” deixadas na paisagem do concelho pelos fogos florestais de 2017, que provocaram milhões de euros de prejuízos em habitações, fábricas, explorações agrícolas e equipamentos municipais.
“Em dois anos consecutivos vivemos momentos muito difíceis, que deixaram marcas na paisagem e no nosso modo de vida”, refere Raul Almeida.
Depois da passagem da tempestade tropical, que deixou algumas zonas do concelho sem electricidade, comunicações e abastecimento de água durante mais de uma semana, os serviços do município procederiam a um levantamento dos estragos, como estabelecido na Resolução do Conselho de Ministros de 18 de Outubro de 2018. A estimativa e respectivas candidaturas a fundos do FEM foram depois comunicadas à administração central.
A câmara tem procedido, com fundos e equipamentos próprios, à reparação dos estragos mais visíveis, recolhendo e cortando árvores caídas, erguendo muros e reparando a sinalética, nomeadamente a escultura que assinala o início do concelho na estrada para Cantanhede, que custou mais de 12 mil euros.
Lançou também alguns programas de incentivo ao investimento, e aprovou “isenção total” da taxa de derrama (imposto municipal aplicado sobre o lucro tributável) para as empresas do concelho. “O executivo entende esta decisão como um factor económico de fixação para as empresas residentes no concelho e de atractividade para novas empresas”, justifica Raul Almeida.
A tempestade tropical Leslie atingiu Mira e outros concelhos do centro do país no dia 13 de Outubro de 2018, deixando um rato de destruição e muitos prejuízos.
Quedas de árvores, destruição de sinalética, danos em habitações, muros, estufas e máquinas foram os principais danos em Mira, não existindo registo de vítimas directas.
A passagem do furacão Leslie por Portugal, onde chegou como tempestade tropical, provocou dezenas de feridos ligeiros e mais de 60 desalojados.
A Protecção Civil mobilizou quase dez mil operacionais nas primeiras horas, que tiverem de responder a mais de três mil ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.
O distrito mais afetcado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um “percurso muito errático”, se fez sentir com maior intensidade, segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Na Figueira da Foz, uma rajada de vento atingiu mesmo os 176 quilómetros por hora, valor mais elevado registado em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.