Facebook recusa remover anúncio de Trump com informação falsa
Em causa está o facto de o Facebook não querer censurar opiniões de políticos.
Uma publicação patrocinada de Donald Trump no Facebook que acusa, incorrectamente, o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden de prometer ao governo da Ucrânia mil milhões de dólares (cerca de 910 milhões de euros) para ajudarem o seu filho já foi vista mais de um milhão de vezes. Mesmo com a afirmação a ser desmentida por parceiros de verificação de factos da rede social como PolitiFact e o Factcheck.org.
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Uma publicação patrocinada de Donald Trump no Facebook que acusa, incorrectamente, o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden de prometer ao governo da Ucrânia mil milhões de dólares (cerca de 910 milhões de euros) para ajudarem o seu filho já foi vista mais de um milhão de vezes. Mesmo com a afirmação a ser desmentida por parceiros de verificação de factos da rede social como PolitiFact e o Factcheck.org.
Biden, que é um dos actuais candidatos às eleições presidenciais norte-americanas, já pediu ao Facebook para remover o artigo por difundir informação “objectivamente falsa”. A equipa da rede social ainda não o fez.
Em causa está o facto de o Facebook não querer censurar opiniões de políticos. Num email obtido por jornalistas do New York Times – que foi o primeiro a reportar o caso – a equipa da rede social explica que a abordagem está assente nos seus ideais de liberdade de expressão.
“Se um político procura partilhar uma mentira viral – como uma hiperligação para um artigo ou um vídeo ou uma fotografia, que já foi desmentida, nós despromovemos esse conteúdo”, explicou a responsável pela secção de políticas públicas e eleições do Facebook, Katie Harbath, que assinou a carta endereçada a Biden. “Só que isso é diferente de uma afirmação ou frase do próprio político.”
Para Harbath, se a afirmação “é feita directamente por um político” é considerada “liberdade de expressão e não é elegível para que passe pelo programa de verificação do Facebook”.
Apesar da publicação de Donald Trump ser patrocinada, foi partilhada na conta do Presidente. A política do Facebook para afirmações de políticos é semelhante à que a rede social emprega para notícias falsas que não são apagadas, apenas despromovidas. Ou seja, não surgem no topo do feed de notícias dos utilizadores.
O PÚBLICO tentou contactar a equipa da rede social para obter mais detalhes, mas não recebeu resposta até à hora de publicação desta notícia.
Quase dois milhões de euros em posts
Katie Harbath lembra, no entanto, que todos os utilizadores da rede social podem consultar o dinheiro que os políticos gastam em anúncios e publicações patrocinadas através da Biblioteca de Anúncios do Facebook. Apertado por reguladores e legisladores, em 2018 o Facebook criou novas regras para os anúncios, obrigando as páginas a declararem quem os paga.
Nos sete dias após o Congresso dos EUA ter aberto uma investigação para destituir Donald Trump da presidência, a 24 de Setembro, a equipa do presidente terá investido até dois milhões de dólares (1,8 milhões de euros) em anúncios no Facebook com mais de 1800 publicações patrocinadas a mencionar o processo de destituição. Os dados foram compilados por Laura Edelson, uma investigadora do departamento de engenharia do Instituto Politécnico da Universidade de Nova Iorque, a partir da biblioteca de anúncios rede social.
O caso sobre o anúncio de Joe Biden chega dias depois de Nick Clegg, vice-presidente para as comunicações globais do Facebook, dizer que a rede social não faz “arbitragem do discurso político”. “Sei que muitas pessoas vão dizer que devíamos fazer mais. Que estamos errados em autorizar os políticos a usar a nossa plataforma para dizer coisas desagradáveis ou afirmações falsas. Mas imaginem o contrário”, afirmou Clegg, durante um discurso em Washington, nos EUA, sobre o papel do Facebook nas eleições. “Seria aceitável à sociedade em geral ter uma empresa privada como o árbitro autodeclarado de tudo o que os políticos dizem?”
Um dos anúncios sobre Joe Biden foi efectivamente removido pelo Facebook, mas apenas porque incluía uma linguagem vulgar e profanidades.