“Não quero queixas da professora!”
A indisciplina nas escolas é considerada, por muitos, o “cancro escolar”, mas não há ninguém, nem social, nem politicamente que se solidarize com a causa e tome medidas para a erradicar das escolas!
“Não quero queixas da professora!” No meu tempo de escola, era isto que ouvia sempre que saía de casa... e, como consequência desta consciência parental, tínhamos escolas com menos indisciplina, crianças mais respeitadoras e conhecedoras dos seus limites. Sabiam, logo que saíam de casa, que os professores eram a autoridade e isso ajudava, e muito, em todo o processo de ensino-aprendizagem.
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“Não quero queixas da professora!” No meu tempo de escola, era isto que ouvia sempre que saía de casa... e, como consequência desta consciência parental, tínhamos escolas com menos indisciplina, crianças mais respeitadoras e conhecedoras dos seus limites. Sabiam, logo que saíam de casa, que os professores eram a autoridade e isso ajudava, e muito, em todo o processo de ensino-aprendizagem.
Todos nos lembramos, sem nenhuma saudade, da autoridade com que muitos professores conduziam as suas aulas e se relacionavam com os seus alunos, usando o medo como “arma” pedagógica. Ninguém lá quer voltar! Será que soubemos fazer a transição entre esses abusos, o laxismo e a indisciplina que nos dias de hoje assolam a Escola Pública?
Inegável que esse caminho teria de ser feito! Pena não o termos sabido fazer. Apesar de tudo, naquela época, era impensável ler, ver e ouvir casos de agressões de alunos, pais ou encarregados de educação a agredirem professores.
Havia uma noção social de que a escola era um local sério e de respeito. Os professores tinham uma imagem valorizada e prestigiada socialmente, eram vistos como autoridade, eram respeitados pela maioria e quem não respeitava sentia-se mal por isso porque as suas atitudes eram, a maior parte das vezes, condenadas pelos pares.
Não havia necessidade de ter uma polícia própria para as escolas, a maior parte das vezes as “contínuas”, seguranças e professores punham cobro aos atos de indisciplina sem necessidade de recorrerem ao 115 [hoje, o número de emergência é o 112].
Sempre houve rebeldia entre os adolescentes, sempre houve borderliners, sempre houve aqueles mais indisciplinados, mas eram a minoria... E hoje? Hoje está tudo do avesso!
Os pais começam o dia com mensagens completamente erradas quanto à forma e ao conteúdo, como por exemplo:
“Diz à professora que eu autorizo teres telemóvel na escola”;
“Vê com ela se já viu os testes ou não, já o fizeste há dois dias”;
“Pergunta por que é que ainda não deu a folha com a matéria para o teste”;
“Diz à professora que para te castigar tens os teus pais”;
“Vê se é preciso ir falar com ela e dizer-lhe que o teste está mal corrigido”...
... E muitas outras expressões poderia usar, mas quero que percebam o conteúdo. Um mundo de exigências em que os pais transmitem aos miúdos: “Os professores estão na escola para te servir.” É esta a mensagem!
A autoridade desapareceu em grande parte das escolas, parcialmente em algumas e mantém-se em meia dúzia.
Só quem não estudou pedagogia que pode achar que há processo de ensino-aprendizagem sem regras e disciplina.
Hoje somos bombardeados com notícias de violência escolar entre alunos, entre professores e alunos, entre professores e pais e até entre pais... Não será demais? Perdeu-se o respeito social pela escola, esta deixou de ser um local sério e respeitado para ser um simples lugar de apoio à família, para esta ter onde deixar os filhos! Os professores são verdadeiros “bonecos” nas mãos dos alunos, dos pais, das juntas de freguesia, do Ministério da Educação. Todos opinam sobre as suas vidas, sobre a qual têm pouco controlo.
Hoje aquele que não tem falta disciplinar é o que destoa, e o Escola Segura é pouco para tanta escola em aflição disciplinar. A indisciplina é considerada, por muitos, o “cancro escolar”, mas não há ninguém, nem social, nem politicamente que se solidarize com a causa e tome medidas para a erradicar das escolas! Não deveria ser prioridade governativa e de luta sindical?