Porto das Lajes das Flores volta a funcionar “com alguma limitação”, mas garantindo abastecimento à ilha
Com a reabilitação do cais-5, destinado a embarcações mais pequenas de tráfego local, o porto das Lajes das Flores foi reaberto e o abastecimento à ilha está assegurado. Mas a solução poderá ser “inconveniente” no Inverno, quando o mar estiver mais agitado.
O porto das Lajes das Flores foi reaberto esta quarta-feira à navegação, garantido o abastecimento por via marítima de que aquela ilha estava privada desde a passagem do furacão Lorenzo pelos Açores. Tal como o PÚBLICO avançara, a navegação será feita pelo cais -5 destinado a embarcações de tráfego local que, ao contrário do cais comercial, conseguiu sobreviver ao furacão que atravessou o arquipélago na madrugada de um para dois de Outubro.
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O porto das Lajes das Flores foi reaberto esta quarta-feira à navegação, garantido o abastecimento por via marítima de que aquela ilha estava privada desde a passagem do furacão Lorenzo pelos Açores. Tal como o PÚBLICO avançara, a navegação será feita pelo cais -5 destinado a embarcações de tráfego local que, ao contrário do cais comercial, conseguiu sobreviver ao furacão que atravessou o arquipélago na madrugada de um para dois de Outubro.
A decisão foi anunciada pelo governo dos Açores, ao início da tarde, através da Secretária regional dos Transportes e Obras Públicas, após reunião com as autoridades marítimas e portuárias. “O porto será aberto com alguma limitação nesse momento quanto ao calado e comprimento dos navios, mas assegura-nos o que é essencial: o abastecimento à ilha”, afirmou Ana Cunha aos jornalistas, frisando que está “afastado o cenário de porto inoperacional”.
A secretária regional também destacou o “trabalho extraordinário, em tempo recorde de uma semana, de tornar esta infra-estrutura operacional”, assinalando que “a partir de agora o abastecimento será feito através do tráfego local com recurso a navios da região”. Em comunicado, o governo dos Açores avançou que o porto poderá ser operado por “navios até 60 metros de comprimento e calado de quatro metros”.
Esta quarta-feira, ainda antes do anúncio da abertura do cais, a ilha das Flores foi abastecida de bens essenciais pelo NRP Setúbal (navio da marinha que já estava em missão nos Açores antes da passagem do furacão), que realizou a operação através de botes.
O próximo abastecimento está marcado para o final da semana (não se sabe se sexta-feira ou sábado), altura em que já será realizado por embarcações de tráfego local do governo regional.
Apesar da regularidade das viagens não estar fixada, é expectável que o abastecimento seja feito de forma mais assídua. “A frequência vai depender das necessidades”, avança ao PÚBLICO o presidente da Câmara Municipal das Lajes, Luís Maciel, que, ainda assim, destaca que se antes o “abastecimento era feito a cada 15 dias, agora as viagens terão de ser feitas com mais frequência tendo em conta as dimensões das embarcações que podem operar”.
O autarca destaca o aspecto “vantajoso” das viagens poderem ser realizadas com maior regularidade, porque “será mais fácil fazer a gestão e os stocks podem ser mais pequenos”, até porque o navio que fazia o abastecimento anteriormente “era enorme e em muitos casos não contava com a capacidade toda”.
Luís Maciel alerta ainda para o “inconveniente” que poderá ocorrer nos meses de Inverno, tendo em conta a dificuldade para embarcações mais pequenas operarem em situações de “mar alterado”. “Já antes no Inverno era difícil fazer o serviço porque o porto das Lajes não é muito abrigado e agora com o molhe danificado menos abrigado é. Admito que uma embarcação mais pequena tenha dificuldades em operar com o mar alterado”, alerta o autarca. Por isso, tem “chamado a atenção para a urgência de reabilitar rapidamente o porto”, mesmo sabendo que por “muito bem que as coisas corram”, tal não vai ser possível nos “próximos anos”.
Combustível
O comunicado do governo dos Açores, além de garantir “o normal abastecimento de bens à ilha”, frisa que também já está “assegurado o abastecimento de combustível” a partir das embarcações de tráfego local. Sobre o combustível, Ana Cunha frisou aos jornalistas que “neste momento temos garantido o abastecimento de 40 mil litros a partir do Corvo”, assegurados a partir de uma plataforma própria que transportou o combustível desde a ilha Terceira até à ilha mais pequena do arquipélago. Em seguida, o governo regional pretende transportar mais cerca de 140 mil litros de combustível, que permitirá aumentar as reservas (que estão garantidas até final do mês) em mais 15 dias.
A regularidade do abastecimento de combustível também será determinada pela necessidade das populações: “se será de semana em semana ou de 15 em 15 dias, logo se verá, de acordo com aquilo que forem os consumos e as reservas existentes na ilha”, explicou a governante.
Recorde-se, a esse propósito, que o governo dos Açores declarou, na manhã seguinte à passagem do Lorenzo, a situação de crise energética nas ilhas das Flores e Corvo, o que limitou o abastecimento diário a 15 litros de combustível, em caso de veículos ligeiros, ou de 20, em caso de veículos pesados. Além disso, as bombas de gasolina ficaram obrigadas a reservar 40% do combustível para viaturas prioritárias, como os da protecção civil, instituições sociais, reboques ou viaturas agrícolas.
Desde a passagem do Lorenzo que uma equipa da Portos dos Açores, juntamente com as Forças Armadas, tem estado a limpar a zona envolvente ao cais e a retirar detritos do mar, de modo a garantir a operacionalidade do cais -5. “Todas as autoridades que podiam colaborar, colaboraram”, destacou ao PÚBLICO Miguel Costa que tem coordenado as operações, realçando o “envolvimento das forças armadas e das autoridades e associações locais”. O Presidente da Portos dos Açores assinalou que “os trabalhos vão continuar” e que já está no horizonte “a planificação da construção de um porto novo”.
O furacão Lorenzo passou na semana passada a 70 km oeste da ilha das Flores com a categoria 2 na escala de Saffir-Simpson (escala vai de 1 a 5, aumentando conforme o grau de intensidade), tendo sido, no total, registadas 255 ocorrências.