Governo alemão confirma que ataque junto a sinagoga tem motivação anti-semita
Um suspeito foi detido, e o o ministro do Interior diz que tinha motivações anti-semita. Filmou e transmitiu o ataque na Internet, diz um jornal. A sinagoga estava cheia, por se comemorar o Yom Kippur, o dia mais sagrado do Judaísmo.
Duas pessoas morreram, um homem e uma mulher, e há pelo menos dois feridos num ataque a tiro junto a uma sinagoga na cidade de Halle, no Leste da Alemanha. Foi um atentado anti-semita, afirmou o ministro do Interior alemão, e há indícios de que terá sido um ataque de extrema-direita, disse Horst Seehofer, que anunciou uma investigação a nível da justiça federal.
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Duas pessoas morreram, um homem e uma mulher, e há pelo menos dois feridos num ataque a tiro junto a uma sinagoga na cidade de Halle, no Leste da Alemanha. Foi um atentado anti-semita, afirmou o ministro do Interior alemão, e há indícios de que terá sido um ataque de extrema-direita, disse Horst Seehofer, que anunciou uma investigação a nível da justiça federal.
As autoridades detiveram um suspeito. No ataque foi ainda lançada uma granada para um cemitério judeu, segundo o jornal alemão Bild.
O autor do ataque terá também filmado e transmitido as imagens do ataque na Internet, enquanto disparava, à semelhança do autor do atentado de Christchurch, na Nova Zelândia, noticiou o jornal francês Le Monde, que disse ter visto parte dessas filmagens - que parecem ter sido feitas com um telemóvel fixado no capacete que usava. O vídeo foi transmitido na plataforma especializada em jogos de vídeo Twitch. Já não está disponível, mas segundo o diário, circulam ainda cópias em sites como o Kohlchan, um fórum aparentemente sem moderação frequentado por simpatizantes de extrema-direita de língua alemã.
O suspeito detido envergava um uniforme de estilo militar, incluindo um capacete, e possuía várias armas, diz a emissora Deutsche Welle. O ataque aconteceu no Yom Kippur, o dia mais sagrado do Judaísmo, em que os fiéis fazem um jejum de 24 horas. No Yom Kippur, as sinagogas são nesse dia um especial ponto de encontro de quem professa a fé judaica - segundo a revista Der Spiegel, o objectivo do ataque seria invadir a sinagoga.
“Vimos através dos sistema de segurança da sinagoga que um homem fortemente armado, com um capacete e uma arma, estava a disparar para tentar abrir à força as nossas portas”, relatou ao jornal Stuttgarter Zeitung Max Privorozki, secretário da comunidade judaica de Halle. “Parecia ser das forças especiais... mas as nossas portas resistiram.”
“Barricámo-nos cá dentro e esperámos a chegada da policia”, acrescentou. Dentro da sinagoga da rua Humboldt estavam 70 a 80 pessoas, a celebrar o Yom Kippur.
Os atiradores fugiram do local do ataque num veículo, e a polícia alemã disse procurar mais de um suspeito. Durante o dia, o presidente da câmara de Halle disse que dois suspeitos estariam envolvidos no atentado e havia notícias de tiros numa cidade próxima de Halle, Landsberg. Mas ao fim do dia a polícia tendia para a tese de que se trataria de um único atacante.
O anti-semitismo é um tema especialmente sensível na Alemanha, por causa da sua história: o regime nazi é responsável pelo genocídio de cerca de seis milhões de judeus, o Holocausto, o durante a II Guerra Mundial. A polícia, no entanto, não fez uma associação imediata entre os tiros e o lançamento da granada como um ataque contra alvos judaicos. Foi a imprensa alemã que juntou os pontos, ainda mais tratando-se um feriado religioso judaico.
O ministro das Finanças, o social-democrata Olaf Scholz, mostrou-se chocado com o ataque. “Os cidadãos do nosso país podem estar completamente certos do nosso respeito pela fé judaica. Estamos com eles e damos-lhe toda a nossa solidariedade”, afirmou. “Este ataque deve ofender todos os alemães.”
“Que alguém tenha disparado contra uma sinagoga no Dia do Perdão [tradução de Yom Kimppur] é algo que nos atinge no coração”, escreveu no Twitter, por sua vez, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas. “Devemos todos agir contra o anti-semitismo no nosso país”.
Em Bruxelas, o plenário do Parlamento Europeu respeitou um minuto de silêncio pelas vítimas, e o presidente do PE, o italiano David Sassoli, enviou condolências aos familiares das vítimas.