Lisboa junta-se a cidades de todo o mundo para declarar emergência climática
Autarcas de dezenas de cidades estão reunidos na Dinamarca para debaterem acções concretas. Copenhaga tem um plano para ser neutra em emissões poluentes daqui a seis anos, uma ambição que contrasta com a velocidade a que se movem outras capitais – como Lisboa.
Os autarcas de 94 cidades de todo o mundo, incluindo Lisboa, declararam esta quarta-feira a emergência climática global e comprometeram-se a tomar medidas para reduzir significativamente as emissões poluentes na próxima década.
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Os autarcas de 94 cidades de todo o mundo, incluindo Lisboa, declararam esta quarta-feira a emergência climática global e comprometeram-se a tomar medidas para reduzir significativamente as emissões poluentes na próxima década.
No arranque do Fórum Mundial de Autarcas C40, uma aliança de cidades contra as alterações climáticas, os presidentes de câmara assinaram um “Pacto Verde Global” que tem como objectivo limitar o aquecimento do planeta a 1,5 graus. Para isso comprometem-se a reduzir ou eliminar as emissões de gases na indústria, no sector dos transportes, nos edifícios e no tratamento de resíduos até 2030.
Responsabilizam-se igualmente por “colocar a acção climática inclusiva no centro de toda a tomada de decisão a nível urbano”, reconhecendo que os efeitos das alterações do clima se farão sentir sobretudo junto das classes mais pobres.
A subscrição deste pacto de autarcas surge como resposta ao imobilismo dos governos centrais, assume Anne Hidalgo, presidente da câmara de Paris e até agora presidente da C40. “Os líderes mundiais encontraram-se em Nova Iorque no mês passado e mais uma vez não foram capazes de chegar a qualquer acordo próximo do nível de acção necessário para travar a crise climática. A sua inépcia e inacção ameaçam directamente todas as pessoas no mundo e o tempo continua a correr contra nós.”
Neste Fórum Mundial de Autarcas C40, que decorre em Copenhaga até sábado, o presidente da câmara municipal de Los Angeles, Eric Garcetti, foi nomeado como novo presidente desta aliança de cidades, uma escolha com óbvio significado político. Aliás, o programa da cimeira inclui comunicações de Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, de Alexandria Ocasio-Cortez, congressista que se converteu em estrela do Partido Democrata, e ainda um painel com autarcas de oito cidades norte-americanas.
Além das autarquias, o “Pacto Verde Global” é ainda assinado por empresas, ONG e até sindicatos, como é o caso da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), cujo secretário-geral, Stephen Cotton, diz que “a ameaça é impossível de ignorar” para o sector. “Uma transição justa, com as pessoas no centro e os trabalhadores e os seus sindicatos na mesa das negociações, é uma enorme oportunidade de criar bons empregos, eliminar a pobreza, aumentar a empregabilidade e criar trabalho decente no transporte urbano.”
Copenhaga, anfitriã deste encontro, tem um ambicioso plano para se tornar a primeira cidade neutra em emissões de dióxido de carbono do mundo. E quer fazê-lo até 2025, reduzindo os consumos de energia, recorrendo exclusivamente a fontes de energia renováveis e promovendo o transporte público, a bicicleta e a caminhada como formas preferenciais de deslocação dentro da cidade.
As cidades que participam neste fórum estão a várias velocidades no combate às alterações climáticas. Lisboa, por exemplo, que se faz representar por Fernando Medina, anunciou recentemente que quer reduzir as deslocações urbanas em automóvel para 34% em 2030, uma ambição que contrasta com a de Copenhaga, que até 2025 quer que apenas 25% dos movimentos se façam em carro próprio.
A câmara de Lisboa garante que a capital portuguesa atingiu o pico de emissões em 2009 e que, desde então, os valores têm vindo a cair sucessivamente. A capital aponta também para a neutralidade carbónica em 2050. Para limitar o aquecimento do planeta a 1,5 graus é necessário que, a partir do próximo ano, as emissões globais comecem a diminuir e que, em 2030, sejam metade das actuais.
Para além do Fórum Mundial de Autarcas C40, composto por palestras e inúmeras visitas de campo, Copenhaga recebe também esta semana o Live Like Tomorrow, um festival paralelo que se debruça, entre outras coisas, sobre urbanismo ambientalmente consciente, a alimentação no futuro e como tornar sustentáveis a navegação e a aviação.
O PÚBLICO viajou para Copenhaga a convite da Câmara Municipal de Lisboa