“Brexit” sem acordo pode colocar dívida britânica ao nível mais alto em meio século

Think tank britânico avisa para o risco de o Reino Unido acumular dívida nos próximos anos, obrigando o país a novas políticas de austeridade logo a seguir

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LUSA/UK PARLIAMENTARY RECORDING UNIT HANDOUT

No mais recente estudo sobre os impactos económicos de uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeias, um instituto de análise britânico traçou agora um cenário preocupante para a evolução das contas públicas, avisando que com a economia a encolher e o Governo a tentar ajudar com mais investimento e menos impostos, o resultado pode ser uma subida da dívida pública para o nível mais alto desde os anos sessenta do século passado.

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No mais recente estudo sobre os impactos económicos de uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeias, um instituto de análise britânico traçou agora um cenário preocupante para a evolução das contas públicas, avisando que com a economia a encolher e o Governo a tentar ajudar com mais investimento e menos impostos, o resultado pode ser uma subida da dívida pública para o nível mais alto desde os anos sessenta do século passado.

De acordo com a análise publicada esta terça-feira pelo Institute for Fiscal Studies (IFS) – um think tank britânico especializado no estudo dos impactos das políticas orçamentais – um “Brexit” sem acordo a partir do final deste mês poderia vir a resultar numa deterioração dos défices públicos para valores próximos de 4% do PIB e numa subida da dívida pública próxima dos 90% do PIB. Seria necessário recuar cinco décadas para encontra um valor tão alto para a dívida britânica, que actualmente está nos 80%.

O cenário antecipado pelo IFS – que garante que optou por usar pressupostos “relativamente benignos” – é, nos anos a seguir a um “Brexit” sem acordo, de uma economia em contracção que força o Governo britânico a lançar estímulos orçamentais de curto prazo, acentuando os desequilíbrios no orçamento.

“A economia não cresce durante os próximos dois anos e regista um crescimento de apenas 1,1% em 2022, deixando-a 2,5% mais pequena do no nosso cenário base [de um Brexit com acordo]”, afirma o relatório.

Perante isto, assume o IFS, o Governo em funções apostaria por uma política orçamental expansionista, que injectaria um estímulo adicional anual na ordem do 1% do PIB. Isto levaria a que o défice pudesse subir até aos 4%, elevando a dívida pública para valores próximos de 90%. Este valor – embora inferior ao registado actualmente em Portugal – representaria uma raridade na história económica do Reino Unido.

Depois deste impacto inicial, o que sobraria para o Reino Unido, avisa o IFS, seria um futuro em que corrigir os desequilíbrios orçamentais voltaria a ser uma prioridade. “Algum aperto orçamental – isto é, mais austeridade – seria provavelmente necessário nos anos seguintes para colocar a dívida pública num caminho sustentável”, afirma o relatório.

Entre os vários cenários analisados pelo IFS, aquele em que se verifica um “Brexit” sem acordo é o que mais penaliza a economia e as finanças públicas britânicas. No pólo oposto, o IFS diz que se as autoridades britânicas acabassem por recuar na opção de saída do Reino Unido da União Europeia, se poderia estar perante “o melhor resultado económico possível”, com o PIB a revistar variações positivas de 2% ao ano.

Uma decisão sobre a forma como irá ser concretizada a saída do Reino Unido do “Brexit” está prestes a tornar-se clara, uma vez que se aproxima o prazo de 31 de Outubro concedido pela União Europeia (UE). No final da próxima semana, irá realizar-se a cimeira europeia de onde se espera possa sair uma resolução do actual impasse.