O Queer Porto celebra a primeira pedra de Stonewall
De 16 a 20 de Outubro, a quinta edição da extensão portuense do festival de cinema Queer Lisboa faz-se entre o Rivoli, o Maus Hábitos e a Reitoria da Universidade do Porto, celebrando os 50 anos dos motins norte-americanos.
O 50.º aniversário da primeira pedra atirada em Stonewall, histórico marco nova-iorquino da luta pelos direitos LGBTQIA, será um dos focos da quinta edição do Queer Porto, cujo programa foi apresentado esta manhã em conferência de imprensa. Entre 16 e 20 de Outubro, a extensão portuense do festival de cinema Queer Lisboa terá um programa dedicado a estes motins, que explodiram quando activistas como as trans Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera se insurgiram contra a repressão policial. As exibições de filmes e os debates distribuem-se por três espaços da cidade: o Teatro Municipal Rivoli, o Maus Hábitos e a Reitoria da Universidade do Porto.
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O 50.º aniversário da primeira pedra atirada em Stonewall, histórico marco nova-iorquino da luta pelos direitos LGBTQIA, será um dos focos da quinta edição do Queer Porto, cujo programa foi apresentado esta manhã em conferência de imprensa. Entre 16 e 20 de Outubro, a extensão portuense do festival de cinema Queer Lisboa terá um programa dedicado a estes motins, que explodiram quando activistas como as trans Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera se insurgiram contra a repressão policial. As exibições de filmes e os debates distribuem-se por três espaços da cidade: o Teatro Municipal Rivoli, o Maus Hábitos e a Reitoria da Universidade do Porto.
O festival de quatro dias arranca a 16, quarta-feira, com The Cockettes, documentário de David Weissman e Bill Weber, que em 2002 olharam para a banda que dá nome ao filme, um grupo hippie de teatro avant-garde que jogava com a identidade de género na meca gay que era a São Francisco dos anos 1960 e 1970. A fechar, no sábado, ver-se-á El Ángel, de Luis Ortega, que passou em Cannes em 2018 e conta a história do assassino em série argentino Carlos Robledo Puch. Segue-se uma festa no Maus Hábitos com BITCHO, Catxibi e DJ Kitten.
Na competição oficial, concorrem oito longas-metragens. A Dog Barking at the Moon, da chinesa Xiang Zi, drama sobre uma mulher que descobre que o marido é gay, ganhou este ano no Festival de Berlim o prémio do júri da secção Teddy Awards, dedicada aos filmes de temática LGBTQIA. The Gospel of Eureka, dos americanos Michael Palmieri e Donal Mosher, é um olhar documental sobre Eureka Springs, uma cidade do Arkansas, Estados Unidos, focado na coexistência entre as comunidades locais de drag queens e de cristãos evangélicos. Já M, da francesa Yolande Zauberman, que ganhou um prémio este ano no IndieLisboa, é um documentário em iídiche centrado em Bneï Brak, Israel, a capital mundial dos judeus haredi, ultra-ortodoxos; mais especificamente, acompanha a história de Menahem Lang, que fugiu da cidade aos 20 anos e ali regressa para confrontar um passado marcado por diversas violações.
Completam a selecção Madame, do suíço Stéphane Riethauser, sobre relação entre uma nonagenária e o seu neto gay; The Man Who Surprised Everyone, dos russos Natasha Merkulova e Aleksey Chupov, centrado num guarda florestal que descobre que só lhe restam dois meses de vida; Los Miembros de la Familia, do argentino Mateo Bendesky, em que dois irmãos ficam presos numa cidade costeira quase deserta a tentar cumprir os desejos finais da mãe; Raia 4, do brasileiro Emiliano Cunha, sobre uma nadadora de 12 anos; e Yours in Sisterhood, da britânica Irene Lusztig, que passou na edição do ano passado do DocLisboa, e em que estranhos respondem a cartas enviadas à editora de uma revista feminina norte-americana dos anos 1970 Ms. Michael Palmieri, Donal Mosher e Stéphane Riethauser virão ao festival apresentar os seus filmes.
O valor pecuniário do prémio desta competição de longas-metragens é três mil euros, que cobrem os direitos de exibição do filme na RTP2. O júri é composto por Ana Deus, a cantora de Três Tristes Tigres, Osso Vaidoso e Bruta, Adriano Baía Nazareth, realizador de documentários e programas musicais da RTP Porto, Susana Chiocca, curadora e artista, e Nuno Ramalho, artista plástico.
No que toca à programação centrada em Stonewall, haverá debates sobre cultura e activismo e serão exibidos documentários como Before Stonewall (1984), de Greta Schiller e Robert Rosenberg, Gay USA (1977), de Arthur J. Bressan Jr., The Archivettes (2018), de Megan Rossman, e ainda títulos sobre o VIH e a sida, como Buddies, de Arthur J. Bressan Jr. e Self-Portrait in 23 Rounds: a Chapter e David Wojnarowicz’s Life, 1989-1991, de Marion Scemama e François Pain. Uma das sessões Queer Pop, dedicadas aos telediscos, também terá como tema Stonewall (a outra debruça-se sobre Britney Spears).
Há ainda espaço para a competição In My Shorts, de filmes de escola portugueses; para a categoria Vídeo-Ensaios, que passará Flow/Job, de Darren Elliott-Smith, com o próprio a apresentar; para a selecção de curtas-metragens portuguesas realizadas por mulheres orientada por Cláudia Varejão (que já passou no Queer Lisboa deste ano); e para uma exposição de Vier Nev, A Terra é Tela. O programa inclui ainda a projecção do filme O Beijo no Asfalto (2018), do brasileiro Murilo Benício, a partir da peça homónima de Nelson Rodrigues (1912-1980), seguida de uma conversa com o performer Tales Frey. O artista apresentará também uma performance , a partir do mesmo texto de Rodrigues, O Outro Beijo.