Os 12 vencedores e vencidos da noite eleitoral

Das vitórias e derrotas mais aguardadas às mais inesperadas.

Foto
PÚBLICO

VENCEDORES

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

VENCEDORES

André Ventura
Com 1,3% dos votos, o Chega estreia-se no Parlamento. Com um lugar na Assembleia da República, André Ventura era um dos vencedores da noite. “O Chega vem para reforçar a democracia, não vem para a minar. O que queremos é de facto mudar o sistema em que vivemos”, disse a meio da noite. S. S.

António Costa
Desta vez, António Costa é o primeiro-ministro eleito e isso é uma vitória. O PS não cumpriu o desejo verbalizado por alguns socialistas – mas nunca pelo líder – de atingir a maioria absoluta, mas conseguiu ser o partido mais votado, ficando à frente do segundo classificado por menos de dez pontos. Ficaram por conquistar distritos como Bragança, Viseu, Leiria e Vila Real. Na Madeira também venceu o PSD, mas o PS conseguiu atingir o mesmo número de deputados que os sociais-democratas, o que é, em si mesmo, uma vitória. Resta saber como irá António Costa governar. S. S.

Marcelo Rebelo de Sousa
Não foi a eleições, mas saiu ganhador. O Presidente da República temia a maioria absoluta do PS, pois isso iria roubar-lhe espaço de intervenção. Agora, Marcelo pode abalançar-se na recandidatura, sentindo que o seu papel vai continuar a ser de valor reforçado. O risco de dois terços de maioria de esquerda que a direita agitava como fantasma também não se verificou e Marcelo Rebelo de Sousa bem pode começar (se não começou já) a pensar em juntar peças e a desfazer jogo conforme as áreas e os consensos necessários. H.P.​

André Silva
O até agora deputado único do PAN assumia o objectivo de assegurar companhia na bancada e constituir um grupo parlamentar. O PAN elegeu quatro deputados (dois por Lisboa, um pelo Porto e outro por Setúbal) e nem a polémica à volta do consumo de carne de vaca lhe fez grande mossa. O resultado do PAN confirma que os eleitores estão dispostos a investir em partidos de causas específicas (como o fim das touradas, por exemplo) e que há causas novas que se impuseram ao debate político, como as alterações climáticas. A.V.  ​

Carlos Guimarães Pinto
O partido Iniciativa Liberal, liderado por Carlos Guimarães Pinto, candidatou-se pela primeira vez à Assembleia da República e conseguiu logo ser eleito. Em Lisboa, círculo onde foi eleito João Cotrim Figueiredo, o Iniciativa Liberal teve uma votação em muitas zonas semelhante à do CDS e até mesmo superior. Esta nova direita, que terá atraído sobretudo eleitorado mais jovem, vai introduzir no Parlamento uma agenda radicalmente diferente na economia e finanças. Afinal, não foi a Aliança que veio baralhar as contas à direita. H.P. ​

Joacine Katar Moreira
A eleição da cabeça de lista do Livre parece a história política a acertar contas consigo mesmo, para saldar uma dívida. O Livre nasceu para promover maiorias parlamentares de esquerda, numa altura em que a “geringonça” era uma quimera. E  a “geringonça” acabou por ser possível após umas eleições em que o seu mais acérrimo defensor ficara de fora. O Livre teve então razão, mas não votos. É irónico que consiga eleger Joacine Katar Moreira, quando a “geringonça” parece ter chegado ao fim. Talvez venha para participar em algo parecido. A.V. 

VENCIDOS

Rui Rio
É um perdedor claro, pois ficou em segundo lugar a grande distância de António Costa. Em algumas zonas urbanas, o PSD não chegou aos 20%. Mas a noite teve um sabor agridoce para Rui Rio. Perdeu face ao PS mas ganhou face aos críticos internos. Ganhou, pelo menos, tempo até às eleições ordinárias para a presidência do partido no início do próximo ano. Este domingo, não se ouviram críticas. E, mais uma vez, Rio ofereceu a sua disponibilidade a António Costa na esperança de vir a contar no xadrez político do próximo Parlamento. H.P.​

Assunção Cristas
A maior derrota da noite terá sido a de Assunção Cristas. Pelo menos, foi assim que a líder do CDS a sentir. Foi a primeira a falar e a primeira a dar a noite por encerrada. Não esperou que a empurrassem para longe da liderança: anunciou logo a convocação de um congresso e disse que não será candidata à presidência do partido. O líder da tendência do CDS Esperança e Movimento, Abel Matos Santos, aproveitou o momento para avançar com uma candidatura. Outros potenciais candidatos preferiram ficar em silêncio. S. S.

Pedro Santana Lopes
O debate televisivo dos pequenos partidos, no qual Pedro Santana Lopes se sentou estoicamente, foi um prenúncio da noite. O Aliança não conseguiu eleger nenhum deputado, apesar das projecções iniciais das televisões. “Não correu como nós queríamos. O resultado é negativo”, disse Pedro Santana Lopes, lembrando que queria eleger representação parlamentar. “Sou o líder do partido, a responsabilidade é minha”, acrescentou. A Aliança ficou atrás de outros pequenos partidos. S. S.

Jerónimo de Sousa
A CDU perdeu cinco deputados, saiu-lhe a fava pela “geringonça”, pelo abraço do PS. Jerónimo de Sousa atribuiu a derrota a uma “intensa e prolongada operação de mentira, difamação e promoção de preconceitos”, para “denegrir” a CDU e favorecer “outras forças”. Na campanha, dissera que a “geringonça” servira para esbater preconceitos contra o PCP. De qualquer forma, já avisou que, pelos camaradas que ouve, não voltará a haver essa “cena do papel” assinado com o PS. E a sua permanência à frente  do PCP é assunto tabu. A.V.​

Catarina Martins
Era para ser uma grande vitória, mas o BE acaba por ser vítima do sucesso do PS e sobretudo das altíssimas expectativas criadas. O partido manteve os 19 deputados, apesar de contabilizar menos 50 mil votos do que há quatro anos. H.P.​

Heloísa Apolónia
Chegou ao Parlamento em 1995, ano em que António Guterres se tornou primeiro-ministro. Mais tarde, sucederia a Isabel Castro como a líder de facto de Os Verdes e destacou-se como uma das deputadas mais acutilantes no Parlamento. Numa jogada arriscada, foi remetida para cabeça de lista da CDU em Leiria, onde a coligação não elege representante desde 1987. E aconteceu o óbvio. Não foi eleita e despede-se ao fim de 24 anos do Parlamento. Numa altura de queda anunciada da CDU, esta escolha foi mais um presente envenenado, do que uma aposta. H.P.