Iniciativa Liberal, Livre e Chega estreiam-se com eleição em Lisboa
Três programas distintos que marcam uma nova etapa no hemiciclo português. Eleição do Chega marca a entrada da extrema-direita em São Bento.
Quatro anos depois do PAN, três novos partidos — o Iniciativa Liberal (IL), o Livre e o Chega — repetiram o feito e garantiram a entrada no Parlamento elegendo os seus cabeças-de-lista por Lisboa. João Cotrim Figueiredo, Joacine Katar Moreira e André Ventura são os novos deputados.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quatro anos depois do PAN, três novos partidos — o Iniciativa Liberal (IL), o Livre e o Chega — repetiram o feito e garantiram a entrada no Parlamento elegendo os seus cabeças-de-lista por Lisboa. João Cotrim Figueiredo, Joacine Katar Moreira e André Ventura são os novos deputados.
O IL promete ser uma voz liberal de “oposição ao socialismo”; o Livre estreia-se em São Bento erguendo a bandeira da “esquerda verde”; o Chega representa a entrada da extrema-direita no hemiciclo português. Três programas distintos que marcam uma nova etapa em Portugal.
A “oposição ao socialismo”
O Iniciativa Liberal alcançou 1,29% a nível nacional, 65.545 votos. Foi, dos três novos, o mais votado no distrito de Lisboa, com 27.166 votos, e por isso o primeiro a festejar. No maior círculo eleitoral, os liberais tiveram 2,47% dos votos e conseguiram fazer entrar em São Bento o empresário João Cotrim Figueiredo, ex-presidente do conselho directivo do Turismo de Portugal.
Cotrim Figueiredo promete ser uma “voz liberal de oposição ao socialismo”. Quando subiu ao palco para falar, as primeiras palavras foram confessionais: “Que viagem, que viagem…”.
O presidente do partido é Carlos Guimarães, cabeça-de-lista pelo Porto, o primeiro a aparecer em frente aos apoiantes para cantar vitória. E com uma promessa: a de que o novo partido irá ser será “uma voz clara” na defesa da liberdade individual, política e económica, e que fará uma “verdadeira oposição ideológica” à esquerda.
“Hoje fizemos história: pela primeira vez neste século um partido que se apresenta com menos de dois anos de vida irá ter representação no Parlamento”, festejou Carlos Guimarães, enquanto os apoiantes exultavam “liberal, liberal, liberal”.
O peso de Lisboa
Foi já depois da meia-noite que ficou confirmada a entrada dos outros dois partidos. O Livre alcançou 1,09% a nível nacional, conseguindo 55.656 votos. Em Lisboa, os 22.807 votos (2,07%) deram a eleição da historiadora e activista negra Joacine Katar Moreira. É a entrada na Assembleia da República de um partido da “esquerda verdade” europeia, como ao início da noite dizia Rui Tavares, quando a eleição já se perfilava, mas ainda não estava garantida.
Há quatro anos, o partido apresentou-se pela primeira vez a umas legislativas com a candidatura Livre/Tempo de Avançar, encabeçada por Rui Tavares, mas o resultado (14.683 votos em Lisboa e 39.340 a nível nacional) não chegou para eleger. Desta vez foi diferente e mesmo antes de a eleição ser oficial já António Costa, discursando como secretário-geral do PS, dizia querer alargar as pontes e referia-se ao Livre como partido com representação parlamentar.
Chega rejeita “alarmismos”
Se a nível nacional o Chega alcançou mais do que o IL e o Livre, ao registar 66.442 votos (um total de 1,3%), em Lisboa ficou atrás dos outros dois estreantes. Alcançou 22.053 votos neste círculo eleitoral (perto de um terço da votação total) e garantiu a eleição de André Ventura, dissidente do PSD e ex-candidato dos sociais-democratas nas últimas autárquicas em Loures.
Ainda ao início da noite, com a eleição no horizonte, Ventura pedia em directo na SIC aos “cidadãos”, “comentadores” e “actores políticos” para olharem para o Chega como um partido democrático. A primeira mensagem política que quis deixar é a de que o Chega não quer “minar” a democracia e que não há razões “para qualquer tipo de alarmismos”.
O Chega defende a “presidencialização do regime (com o fim do cargo de primeiro-ministro), incluiu no seu programa a introdução da pena de prisão perpétua para crimes de “terrorismo ou homicídios com características especificas” e considera que os refugiados não podem “obter nacionalidade portuguesa nem residência, mas sim uma autorização em forma de título precário de refugiado, enquanto o seu país de origem se mantiver em situação guerra”.
No discurso de eleição, Joacine Katar Moreira marcou terreno face à entrada do Chega no Parlamento, afirmando que “não há lugar para extrema-direita no parlamento” e que o Livre será a “esquerda antifascista e anti-racista”.
Como cada um elegeu um deputado, os três partidos não terão um grupo parlamentar.