Que força é essa: cartazes artesanais da colecção Ephemera em livro e exposição

Editado pela Tinta da China, Que força é essa mostra o espólio do arquivo de cartazes do arquivo Ephemera. Exposição homónima pode ser vista da Casa da Arquitectura de Matosinhos até 8 de Dezembro.

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Renato Cruz Santos

Que força é essa é um livro que reflecte “o protesto e a participação democrática em Portugal”, analisando os cartazes artesanais empunhados pelos manifestantes, nos últimos sete anos, disse à Lusa a investigadora Helena Sofia Silva, que o edita. O livro, publicado pela editora Tinta-da-China, faz parte da colecção Ephemera, dedicada à biblioteca e arquivo do historiador José Pacheco Pereira.

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Que força é essa é um livro que reflecte “o protesto e a participação democrática em Portugal”, analisando os cartazes artesanais empunhados pelos manifestantes, nos últimos sete anos, disse à Lusa a investigadora Helena Sofia Silva, que o edita. O livro, publicado pela editora Tinta-da-China, faz parte da colecção Ephemera, dedicada à biblioteca e arquivo do historiador José Pacheco Pereira.

Que força é essa — Protesto e Participação Democrática em Portugal acompanha igualmente a exposição homónima, patente até 8 de Dezembro na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, no âmbito da Porto Design Biennale, que dá a ver o espólio de cartazes artesanais do arquivo Ephemera.

O que se salienta, na exposição e no livro, “é a vontade de protestar, e fora de enquadramentos partidários explícitos”, apresentando “cartazes artesanais, com materiais reciclados, cartazes únicos”, disse Helena Sofia Silva, organizadora da mostra e da obra. Por estas razões, pela sua própria natureza, estes cartazes dispõem-se assim, “de certa forma, a uma perspectiva/avaliação artística”, mesmo “não tendo sido feitos com essa preocupação”.

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Renato Cruz Santos

Os cartazes, quase sempre em cartão, foram empunhados em manifestações pacíficas de rua contra a intervenção da “troika” em Portugal, em marchas LGBTI+ e em defesa direitos das mulheres e pela igualdade de género, ou em movimentos internacionais em defesa do ambiente, como a greve climática estudantil.

Helena Sofia Silva referiu-se a esta colecção como “muito importante”. Isto porque “pode ser abordada por diferentes ramos do saber, como a História ou a Sociologia”, e defendeu “a pertinência” de se encontrar um espaço onde possa ser mostrada de forma permanente, “como um museu”. A colecção reúne “mais de 300 cartazes”, mas na Porto Design Biennale encontram-se 240.

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DR/Tinta da China

Que força é essa — título que recorda a canção de Sérgio Godinho Que força é essa amigo — é publicado em edição bilingue, português/inglês, em parceria com a Escola Superior de Artes e Design.

Para a investigadora em design Helena Sofia Silva, “os mais comoventes e poderosos [cartazes] são os mais simples e pequenos e que expressam melhor a urgência ou a intensidade que a pessoa sentiu em manifestar-se, mas todos celebram o exercício da liberdade e da imaginação do futuro”. A professora da Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos trabalha, actualmente, em expressões gráficas de protesto em Portugal, a partir do acervo do Arquivo Ephemera, no âmbito do programa de doutoramento em Design, pela Universidade de Aveiro. É autora, entre outros títulos, de Design Português 1980/1999 (2015), e participou nas monografias dedicadas aos designers João Machado e a Francisco Providência.

Com José Pacheco Pereira assumiu a curadoria da exposição O Que Faz Falta é Agitar Malta, também dedicada a “artefactos gráficos” produzidos no contexto de acções de protesto (e com título vindo da canção de José Afonso), que esteve patente em 2018 no Espaço Ephemera, no Parque Empresarial do Barreiro, no antigo complexo da Quimigal, e foi à Bienal Iberoamericana de Desenho, no mesmo ano, em Madrid.

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Inês D'Orey