O meu modelo de liberdade
Tenho sincera pena de nunca ter podido votar em Feitas do Amaral para um cargo que tão bem teria sabido exercer.
Escrever um texto de homenagem sobre Diogo Freitas do Amaral corre o risco de ser um exercício de repetição sobre tudo o que várias personalidades têm escrito e dito sobre uma personalidade verdadeiramente singular. Resta-me, então, apenas escrever umas breves linhas sobre o meu Freitas do Amaral.
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Escrever um texto de homenagem sobre Diogo Freitas do Amaral corre o risco de ser um exercício de repetição sobre tudo o que várias personalidades têm escrito e dito sobre uma personalidade verdadeiramente singular. Resta-me, então, apenas escrever umas breves linhas sobre o meu Freitas do Amaral.
Freitas do Amaral entra na minha vida era eu jovem, em 1986. Relembro ainda hoje a extraordinária campanha que fez como único candidato que representava um espaço não socialista. Contra vários candidatos à esquerda e uma coligação negativa contrária à sua candidatura fez uma campanha moderna, mobilizadora e convicta. Lançou-a com um livro em que explicava, como sempre de uma forma clara, a sua ideia para Portugal e a visão que tinha dos poderes e papel do Presidente da República. Tenho sincera pena de nunca ter podido votar em Feitas do Amaral para um cargo que tão bem teria sabido exercer.
Mas Freitas do Amaral será relembrado por ter, numa altura difícil, criado o meu partido, o CDS, contra a vontade de muitos. Afirmou-o com a resistência do Palácio de Cristal, a relevância do voto relativamente à nossa Constituição e pela demarcação dos radicalismos através de uma posição moderada, democrata-cristã e profundamente europeísta.
Para quem, como eu, comunga da defesa da Europa é inesquecível o seu discurso no nosso Parlamento na altura do Tratado de Maastricht. Essa sua posição levou a que entrasse em rutura com o CDS, liderado por Manuel Monteiro. Não posso deixar de sublinhar que o compreendi à luz da sua liberdade e convicções. Teria gostado que nunca tivesse saído.
Também por isso como dirigente do partido e Presidente do IDL - Instituto Amaro da Costa promovi a aproximação possível. De Diogo Freitas do Amaral sempre tive nessas tentativas uma resposta afável, amiga e longas conversas que não esquecerei. Quando o fiz foi sempre em nome da admiração pessoal, da memória, do sentido de agradecimento e da recordação de um projeto político que abraçou com Francisco Sá Carneiro, a AD.
Podia escrever sobre o político que exerceu o cargo de Presidente da Assembleia Geral da ONU; ou sobre o filiado individual do PPE; ou sobre o académico brilhante; ou sobre o professor adorado pelos seus alunos.
Decidi antes escrever de forma livre sobre um modelo de liberdade e convicção. Na minha vida pública e académica nunca consegui ser tão livre como Diogo Freitas do Amaral. Quando o conseguir, prestarei o meu tributo a esta personalidade verdadeiramente singular.