TripAdvisor vai banir espaços que tenham golfinhos e baleias em cativeiro

Nada de bilhetes para parques que “continuem a contribuir para o cativeiro das futuras gerações de cetáceos”. Companhia quer incentivar a criação de santuários marinhos como alternativa.

Foto
Reuters

O TripAdvisor, “o maior site de viagens e atracções do mundo”, anunciou que não continuará a vender bilhetes para quaisquer “atracções que continuem a contribuir para o cativeiro das futuras gerações de cetáceos”, como baleias e golfinhos. A empresa garante mesmo que porá "fim a relações comerciais com espaços que reproduzam ou importem” cetáceos e os utilizem para “exibição pública”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O TripAdvisor, “o maior site de viagens e atracções do mundo”, anunciou que não continuará a vender bilhetes para quaisquer “atracções que continuem a contribuir para o cativeiro das futuras gerações de cetáceos”, como baleias e golfinhos. A empresa garante mesmo que porá "fim a relações comerciais com espaços que reproduzam ou importem” cetáceos e os utilizem para “exibição pública”.

Num comunicado em que refere tratar-se de uma actualização da sua política empresarial em relação ao bem-estar animal, adianta que este “compromisso” tem por objectivo "direccionar a indústria de cativeiro para santuários marinhos", considerados um “ambiente alternativo para a geração actual de baleias e golfinhos em cativeiro”.

Todos os espaços comerciais que utilizem estes animais, em espectáculos ou outros eventos, serão “banidos” do TripAdvisor e da sua subsidiária Viator, site de comercialização de experiências. 

“Os produtos à venda no site que não cumpram estas novas regras serão removidos durante os próximos meses”, esclarecem. Destas novas regras, decididas após “um extenso processo de consulta com uma série de especialistas, entre biólogos marinhos, zoólogos e conservacionistas”, ficam apenas de fora os “santuários marinhos que prestam cuidados aos cetáceos já em cativeiro”.

“As provas apresentadas pelos especialistas foram convincentes. As baleias e golfinhos não prosperam em ambientes de cativeiro”, sintetizam. "Esperamos ver um futuro em que eles vivam como deveriam - livres e em estado selvagem", comentou Dermot Halpin, que dirige o departamento de experiências e vendas do TripAdvisor.

“Acreditamos que a actual geração de baleias e golfinhos em cativeiro deve ser a última, e esperamos ver esta posição a ser adoptada mais amplamente por toda a indústria de viagens”, acrescenta Halpin.

A empresa, porém, diz que, por agora, tomará em conta o facto de que, para os cetáceos “já em cativeiro, a situação é diferente". “Para grande parte da actual população de cetáceos, libertá-los na natureza não é uma opção realista”, referem, explicando que, por isso mesmo, a nova regulamentação inclui medidas para “proteger as suas necessidades, segurança e saúde”, que devem ser respeitados por todos os espaços que queiram estar no site. 

Vários organismos ligados à protecção da vida animal já elogiaram a medida. "O TripAdvisor está do lado certo da História", resume Naomi Rose, especialista em mamíferos marinhos do Animal Welfare Institute (EUA), citado em comunicado.

Também a PETA, uma das mais activas organizações internacionais para a defesa dos animais, colaborou na definição das novas regras. “Esta decisão ética do TripAdvisor aproxima mais os cetáceos do dia em que o seu cativeiro terminará e que poderão voltar aos oceanos que são a sua casa”, diz Tracy Reiman, vice-presidente executiva da PETA, que deixa uma recomendação final: “Nunca compre um bilhete para nenhum sítio com orcas, golfinhos, ou outros mamíferos marinhos, que estejam presos para exibição pública”.

Em 2016, o TripAdvisor já tinha deixado de comercializar experiências que envolvessem o contacto físico dos viajantes com animais selvagens em cativeiro e bilhetes para atracções com “espectáculos degradantes para os animais”.