Greve na Grécia contra reforma do trabalho de Mitsotakis
Trabalhadores do sector privado fazem greve uma semana depois de protesto dos funcionários públicos.
Os trabalhadores do sector privado na Grécia marcharam esta quarta-feira em Atenas em protesto contra as reformas laborais planeadas pelo novo Governo conservador, que acusam de enfraquecer os sindicatos e pôr em causa o seu direito à greve.
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Os trabalhadores do sector privado na Grécia marcharam esta quarta-feira em Atenas em protesto contra as reformas laborais planeadas pelo novo Governo conservador, que acusam de enfraquecer os sindicatos e pôr em causa o seu direito à greve.
Os navios não saíram dos portos, os comboios estiveram parados e os serviços bancários foram afectados por causa da greve de 24 horas, naquele que foi o segundo protesto nacional do género em apenas uma semana.
Os sindicatos do sector público organizaram uma greve contra as reformas laborais na semana passada e não trabalharam durante umas horas na última quarta-feira.
Milhares de professores, jornalistas e funcionários bancários, operários portuários e municipais, reformados e estudantes marcharam de forma pacífica na direcção do Parlamento por volta do meio-dia. Cantavam “Tirem as mãos das greves, tirem as mãos dos sindicatos” e “Eles não vão parar até serem parados”.
O Governo do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis planeia alterar algumas regras básicas sobre a forma como as greves podem ser declaradas, para permitir mudanças nos acordos salariais colectivos e quer também criar um registo de sindicatos, que, por seu turno, acusam o Governo de tentar controlá-los ou enfraquecê-los.
Mitsotakis acusou os sindicalistas que apelaram à greve de estarem fora da realidade e disse que as propostas governamentais foram feitas para tornar as decisões acerca da acção industrial mais inclusivas. “Mais uma vez, os poucos em greve estão a prejudicar os muitos”, escreveu Mitsotakis numa publicação no Facebook.
Os sindicalistas acreditam que as reformas não irão ajudar a reduzir o desemprego, quem em torno dos 17% é o mais elevado da zona euro, nem a permitir que a economia cresça ao ritmo pretendido pelo Governo. A lei deverá ser votada este mês.
“Essas medidas devem ser retiradas agora”, disse o GSEE, o principal sindicato do país, que representa cerca de 2,5 milhões de trabalhadores.
Nos últimos anos, a participação em manifestações tem sido baixa, sobretudo por causa do cansaço após anos de crise marcados por três resgates internacionais a troco de cortes nas pensões e salários, subidas de impostos e reformas laborais impopulares.
Alguns dos manifestantes na quarta-feira protestaram contra as privatizações planeadas e contra o impacto da austeridade imposta pelos resgates. “Queremos trabalho, não desemprego”, lia-se num dos cartazes.
A Grécia saiu do seu terceiro programa de resgate em 2018, dois anos depois de a economia ter voltado a crescer. O progresso das reformas fiscais e de pensões continua a ser monitorizado pelos credores, incluindo as metas de excedentes primários para os próximos 40 anos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu maior flexibilidade no mercado laboral e uma maior oferta de opções aos patrões para cortar custos.
O Governo de Mitsotakis prometeu negociar a descida das metas fiscais com os credores europeus e quer distribuir um bónus de reforma aos pensionistas no próximo ano, tal como fez o seu antecessor antes de perder as eleições em Julho.
Ele também prometeu aumentar os salários líquidos através da redução das contribuições para a Segurança Social e descer os impostos para atrair investidores.