Consumidores britânicos aconselhados a evitar bacalhau do mar do Norte
Em nome da sustentabilidade. O bacalhau do mar do Norte teve uma avaliação negativa no Guia do Bom Peixe da Sociedade de Conservação Marinha. O bacalhau mais consumido em Portugal é “sustentável”, garante indústria.
O alerta está lançado para os consumidores britânicos: deve-se cortar no consumo do bacalhau vindo do mar do Norte, na Costa da Noruega, para tentar aliviar a pressão exercida sobre esta espécie como resultado das pescas intensivas.
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O alerta está lançado para os consumidores britânicos: deve-se cortar no consumo do bacalhau vindo do mar do Norte, na Costa da Noruega, para tentar aliviar a pressão exercida sobre esta espécie como resultado das pescas intensivas.
O bacalhau capturado no mar do Norte recebeu uma avaliação negativa no Guia do Bom Peixe da Sociedade de Conservação Marinha, cuja última actualização será publicada nesta semana. Este guia, feito com base na realidade do Reino Unido, determina qual é o peixe mais sustentável e quais são as espécies a evitar por estarem em risco.
De acordo com o guia de 2019, “há evidências claras de que o stock [de bacalhau capturado na costa da Noruega] está a ser capturado de forma insustentável e que a biomassa está a um nível tão baixo que o stock está a sofrer com a redução da capacidade reprodutiva e está esgotado”, lê-se no site da Sociedade de Conservação Marinha.
“A pressão da pesca continua a aumentar e as medidas têm sido insuficientes para conter as capturas de bacalhau” nessa costa, continua o mesmo guia.
Os consumidores podem optar, em alternativa, por bacalhau capturado no Árctico Nordeste ou na Islândia, que têm os seus stocks “num estado saudável, sendo que a pesca tem sido bem gerida” com várias limitações que protegem os “juvenis” e a desova.
Outras alternativas ao bacalhau sustentáveis apresentadas são o robalo de aquacultura, a dourada de aquacultura ou o esturjão.
Na semana passada – e reforçando o que diz o Guia do Bom Peixe – também o MSC (Conselho da Gestão Marinha) já tinha anunciado o fim do selo azul para o bacalhau capturado na Noruega, depois de a sua população ter decrescido de forma acentuada.
Bacalhau consumido em Portugal é “sustentável"
Numa nota enviada ao PÚBLICO, o Norwegian Seafood Council (NSC), que representa e promove a indústria pesqueira norueguesa, diz que a notícia não pode ser transposta para a realidade portuguesa.
“O Bacalhau da Noruega consumido em Portugal resulta da pesca de bacalhau mais sustentável do mundo. Trata-se do bacalhau do Atlântico Nordeste, que é uma unidade populacional desta espécie diferente da do bacalhau do Mar do Norte”, diz a nota do NSC, que tem representação em Lisboa. “O bacalhau do Atlântico Nordeste é certificado pela MSC como sustentável”, acrescenta.
“Menos de 2% de todo o bacalhau pescado na Noruega é resultante da pesca de bacalhau no Mar do Norte (o que equivale a cerca de 5000 toneladas). A quota para o bacalhau do Atlântico Nordeste está acima das 300.000 toneladas”, diz a nota.
Segundo o NSC, Portugal é o principal cliente da Noruega no que respeita ao sector do bacalhau, consumindo cerca de 70.000 toneladas de bacalhau seco salgado por ano.
Alertas
Já se sabe há vários anos que o bacalhau é uma espécie em perigo. O alerta para a diminuição de indivíduos desta espécie já tinha sido dado pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) que, desde 2012, tem um plano em marcha para aumentar o número de indivíduos desta espécie no mar do Norte. No entanto, a mais recente avaliação (na qual se baseia este guia) aponta para que, “apesar das acções”, o plano não tenha levado “a nenhuma redução nas capturas” de bacalhau.
Mas a pesca excessiva não é o único factor que coloca em risco esta espécie: a poluição e as alterações climáticas também. O bacalhau encontrado na Noruega e do Árctico vivem nas águas frias do mar do Norte, mas, num cenário em que as emissões de fases com efeito estufa continuem a subir e com o progressivo aumento da temperatura das águas, é normal que esta espécie vá procurar um novo habitat mais a norte.
Notícia actualizada às 18h28 com informações prestadas pelo Norwegian Seafood Council