PS longe da maioria absoluta, PSD chega aos 30%

Costa e Rio separados por sete pontos, indica sondagem PÚBLICO/RTP. BE e PAN crescem. CDS e PCP arriscam perder metade dos deputados que têm agora. PSD pode ganhar em Aveiro, Leiria, Bragança e Madeira.

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FRANCISCO ROMãO PEREIRA

A maioria absoluta não está ao alcance do PS e o PSD pode valer tanto como nas legislativas de 2015. Estas são algumas das conclusões a retirar da sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (Cesop-UCP) feita para o PÚBLICO e RTP sobre a intenção de voto nas legislativas de domingo. O PS alcança os 37% e o PSD chega aos 30%. Em terceiro lugar, surge o BE com 10%, seguido do PCP com 6%, do CDS com 5% e do PAN com 3%.

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A maioria absoluta não está ao alcance do PS e o PSD pode valer tanto como nas legislativas de 2015. Estas são algumas das conclusões a retirar da sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (Cesop-UCP) feita para o PÚBLICO e RTP sobre a intenção de voto nas legislativas de domingo. O PS alcança os 37% e o PSD chega aos 30%. Em terceiro lugar, surge o BE com 10%, seguido do PCP com 6%, do CDS com 5% e do PAN com 3%.

O trabalho de campo (3226 inquéritos válidos) foi feito entre quinta e segunda-feira, ou seja, depois de ser conhecida a acusação do caso do roubo de munições em Tancos, que entrou pela campanha adentro sobretudo pela mão do PSD e CDS. As projecções foram feitas com base nas escolhas expressas pelos inquiridos que assumiram que irão votar “de certeza” no próximo domingo. A margem de erro é de 1,7%.

Em termos de mandatos, o PS pode eleger entre 97 e 107 deputados, ficando assim sempre longe dos 116 que asseguram a maioria absoluta. O BE pode ter entre 18 e 24 lugares e o PCP de oito a 13. Isto significa que, a verificar-se o pior destes cenários, não bastará ao PS fazer acordos com um só partido para ter a maioria dos votos no hemiciclo. Nas perspectivas mais optimistas, o PS engorda a sua bancada parlamentar em mais 21 deputados (em 2015, teve 32,31%) do que os actuais. De salientar, porém, que, com base nos resultados desta sondagem é impossível estimar a distribuição de deputados pelos círculos da Europa e Fora da Europa, círculos esses em que tradicionalmente os votos são divididos apenas entre PS e PSD.

Aumentar

O PSD, que em 2015 era liderado por Pedro Passos Coelho tendo obtido em coligação com o CDS 36,8%, pode agora chegar aos 30%. Em termos de mandatos, o PSD pode ficar com 79 a 87 assentos no Parlamento (tem agora 89).

Questionados sobre quem seria melhor primeiro-ministro, se António Costa ou Rui Rio, os inquiridos pronunciaram-se largamente a favor do secretário-geral do PS: 51% escolhem Costa contra apenas 25% que apontam o presidente do PSD. 

Em Maio, a sondagem da Católica para o PÚBLICO e a RTP destinada a avaliar as intenções de voto nas legislativas, apontava para a possibilidade de o PS chegar aos 39%, no limiar da maioria absoluta, enquanto o PSD ficava nos 28%. Em terceiro lugar nas intenções de voto, aparecia o BE com 9%, seguido da CDU com 8%, o CDS com 7% e o PAN com 3%.

A tendência é, portanto, de descida do PS e de subida do PSD. Em relação aos restantes partidos com assento parlamentar, a ordem de preferências mantém-se: BE à frente da CDU e CDS sem se deixar ultrapassar pelo PAN.

Queda da CDU e CDS

O BE, por seu lado, tem crescimento garantido de acordo com estes dados. De 19 deputados em 2015, pode ir até aos 24. A CDU, que tem actualmente 17 mandatos, pode ficar entre os oito e os 13. Queda semelhante pode registar o CDS que, com 18 deputados, arriscar ter uma bancada entre 7 e 11. Se assim for, os centristas João Rebelo (Faro) e Hélder Amaral (Viseu) podem saltar do Parlamento, bem como Heloísa Apolónia d’ Os Verdes (Leiria), o líder parlamentar do PCP, João Oliveira (Évora), e o vice-presidente da Assembleia da República, António Filipe (Santarém). Aparentemente, o PCP é o único partido da “geringonça” a sofrer perdas nas urnas, depois dos maus resultados nas autárquicas de 2017 e nas europeias de Maio.

O PAN, que elegeu um deputado pela primeira vez há quatro anos, pode quadruplicar o seu grupo parlamentar: de acordo com estes dados, pode ficar com dois (no mínimo) e quatro (no máximo) mandatos. O distrito onde é mais forte é Lisboa, mas tem possibilidades de eleger também no Porto e em Setúbal.

Olhando com mais pormenor para a distribuição por círculos eleitorais, verifica-se que os únicos locais onde existe alguma hipótese de o PSD poder ultrapassar o PS são Aveiro, Leiria, Bragança e Madeira.

CDU gosta mais da “geringonça” do que BE

No caso de o PS vencer as eleições sem maioria absoluta, 37% dos inquiridos são favoráveis a um Governo apoiado pelo PS e por partidos à sua esquerda. Em Maio, o valor apontado era apenas de 27%, tendo diminuído a percentagem dos que desejam que o PS governe sozinho.

Curiosamente, os votantes que gostam mais da solução dita “geringonça” são os da CDU. 83% são a favor de um Governo PS apoiado por um ou dois partidos à sua esquerda. Já entre os votantes do BE, o número desce para 79% e entre os do PS é de 56%. E ainda: os votantes da CDU querem mais o BE numa eventual solução governativa (48%) do que os votantes do BE desejam a CDU nessa solução (33%).

Os votantes do PSD, por sua vez, são mais favoráveis a uma solução de tipo bloco central (33%) ou a uma “geringonça” de direita (27%).