O PSD de regresso às origens
A liderança do PSD nesta faixa etária entre os 35 e os 44 anos e entre os licenciados sugere um reencontro do partido com a sua velha matriz eleitoral – os trabalhadores por conta de outrem, os pequenos empresários, os profissionais liberais.
Há muitas formas de ler os números da sondagem do Cesop-Universidade Católica para o PÚBLICO e a RTP e a contabilidade das intenções de voto talvez não seja a mais interessante. Porque se o PSD de Rui Rio continua o seu imparável trajecto de recuperação eleitoral, se o PS parece afastado da ambição da maioria absoluta, ou mesmo se o sentimento dos eleitores tende a eleger deputados do Livre e da Iniciativa Liberal, há leituras finas dos números talvez mais surpreendentes. Exemplos: os eleitores da CDU estão mais empenhados numa repetição da “geringonça” do que os do Bloco; os jovens revelam uma forte disponibilidade para a abstenção ou para votarem no PAN; e, fundamentalmente, a preferência que os eleitores entre os 35 e 44 anos e os que são titulares de um curso superior manifestam em relação ao PSD.
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Há muitas formas de ler os números da sondagem do Cesop-Universidade Católica para o PÚBLICO e a RTP e a contabilidade das intenções de voto talvez não seja a mais interessante. Porque se o PSD de Rui Rio continua o seu imparável trajecto de recuperação eleitoral, se o PS parece afastado da ambição da maioria absoluta, ou mesmo se o sentimento dos eleitores tende a eleger deputados do Livre e da Iniciativa Liberal, há leituras finas dos números talvez mais surpreendentes. Exemplos: os eleitores da CDU estão mais empenhados numa repetição da “geringonça” do que os do Bloco; os jovens revelam uma forte disponibilidade para a abstenção ou para votarem no PAN; e, fundamentalmente, a preferência que os eleitores entre os 35 e 44 anos e os que são titulares de um curso superior manifestam em relação ao PSD.
Há muitas formas de avaliar esta constatação. Para começar, podemos tentar perceber de forma empírica quem são os portugueses desta faixa etária e os que concluíram um curso no ensino superior. Podemos de forma muito genérica (nada científica, portanto) suspeitar que se trata de portugueses já estabelecidos na vida, em idades cruciais da sua vida profissional e familiar e, na sua maioria, trabalhadores no sector privado. Ou seja, portugueses que beneficiaram do clima geral da estabilidade do país, do crescimento económico e das ligeiras melhorias das suas obrigações fiscais, mas que estiveram longe de estar no centro das prioridades das políticas do Governo e dos seus parceiros à esquerda.
São, provavelmente, portugueses que passaram ao lado do discurso político dominante. Homens e mulheres sensíveis ao peso da carga fiscal e desiludidos com a degradação dos serviços públicos. Cidadãos que sentem que o Estado não lhes devolve o que reclamam pelo seu esforço. Pessoas que, eventualmente, estão hoje melhor e mais confiantes do que há quatro anos, mas que sentem que o país podia ter sido mais ambicioso nas suas metas. Foi para eles que o PSD de Rui Rio falou.
A liderança do PSD nesta faixa etária e neste grupo socioeconómico sugere um reencontro do partido com a sua velha matriz eleitoral – os trabalhadores por conta de outrem, os pequenos empresários, os profissionais liberais. E mostra também ao PS os limites de uma estratégia centrada nos discursos da esquerda do Bloco e do PCP. O Portugal de 2019 não é definitivamente o país de 1975. A sua sociedade civil é mais forte, a sua economia mais privada e livre e os portugueses mais capazes de perceber que há mundo para lá da função pública.