Manifestante baleado pela polícia em Hong Kong, enquanto Pequim festeja aniversário
Há pelo menos 30 feridos, um dos quais em estado grave. Em enorme parada militar na Praça de Tiananmen, Xi diz que “não há força capaz de fazer tremer esta grande nação”.
Pouco depois de, em Pequim, o Presidente Xi Jinping enaltecer os avanços da China na celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, em Hong Kong a polícia marcou uma escalada nas tácticas contra os manifestantes, com o disparo de balas reais e um estudante de 18 anos foi atingido.
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Pouco depois de, em Pequim, o Presidente Xi Jinping enaltecer os avanços da China na celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, em Hong Kong a polícia marcou uma escalada nas tácticas contra os manifestantes, com o disparo de balas reais e um estudante de 18 anos foi atingido.
“Nenhuma força é capaz de fazer parar o avanço do povo chinês e a nação de chinesa”, disse Xi, usando, como é tradição, um fato cinzento como Mao Tsetung e assistindo à parada militar no mesmo local da Praça Tiananmen em que Mao proclamou a república a 1 de Outubro de 1949. “Não há força capaz de fazer tremer esta grande nação.”
Também os seus antecessores Hu Jintao e Jiang Zemin estiveram na grande celebração, com uma enorme e cuidadosamente preparada parada militar. O Exército, disse ainda Xi, deve garantir a segurança, a soberania, e os interesses da China, assim como assegurar a paz mundial.
Xi também se referiu a Hong Kong: “Temos de nos manter empenhados na estratégia de reunificação pacífica através do [princípio] ‘um país, dois sistemas’. Iremos manter a prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macau”. Os dois territórios têm um estatuto de administração especial desde a transferência de poder em 1997 e 1999, respectivamente.
Escalada em Hong Kong
Em Hong Kong, onde as manifestações foram proibidas nesta terça-feira, a multidão que se concentrava na zona de Admiralty (onde estão os edifícios governamentais) ficou em silêncio depois de se terem ouvido dois tiros.
Um estudante de 18 anos foi atingido no peito por uma bala real, confirmou a superintendente da polícia, Yolanda Hu, num vídeo publicado no Facebook. Os disparos foram feitos por um agente num momento em que se sentia “que a sua vida estava em grande perigo” ao encontrar-se num grupo de polícias rodeado por uma multidão de manifestantes perto de Tai Ho Road, disse a responsável, que também lamentou o incidente.
Segundo a BBC, no local a polícia mostrou um cartaz vermelho dizendo: “Dispersem ou disparamos”.
Pelo menos 51 pessoas ficaram feridas e foram hospitalizadas, duas das quais em estado grave, segundo a Autoridade Hospitalar, citada pelo Guardian. Há feridos entre os 11 e os 75 anos.
Os correspondentes na cidade descrevem um cenário caótico, com mais de uma dezena de focos de protestos espalhados pelos territórios e muitas avenidas e ruas bloqueadas. Mais de 30 estações de metro foram encerradas. Até ao momento, 96 pessoas foram detidas, segundo a imprensa local.
A polícia acusa os manifestantes de usarem métodos violentos nos confrontos, como o recurso a um fluido corrosivo com o qual “feriram vários agentes e jornalistas”. Uma estação de metro foi atingida por cocktails Molotov atirados por manifestantes e várias lojas foram vandalizadas.
A Rádio Televisão de Hong Kong, um canal local em língua inglesa, retirou os seus jornalistas que estavam a fazer a cobertura dos protestos do terreno depois de um deles ter sido atingido por um projéctil na cabeça.
Desde Junho que há protestos em Hong Kong, cujo estatuto especial permite liberdades não existentes na China continental. Os cidadãos de Hong Kong dizem estar a perder estas liberdades e querem mais democracia.
Os disparos de balas reais contra manifestantes marcam “uma grande escalada na utilização da força”, comentou a jornalista do Guardian Emma Graham-Harrison, que está no local.
A polícia de Hong Kong já tinha sido criticada pela Amnistia Internacional por uso excessivo da força: disparo de balas de borracha que causaram ferimentos nos olhos de uma manifestante e um jornalista. Até hoje, só tinham sido disparadas balas reais como aviso.