PS isolado. Decisão sobre reunião de urgência sobre Tancos nas mãos de Ferro
Ferro Rodrigues terá de decidir se Parlamento se reúne ainda esta semana. Os socialistas são os únicos a opor-se a uma reunião da comissão permanente.
O PSD pediu, o CDS apoia, o PCP não se opõe e o BE também não. Em tempos de campanha, a “geringonça” deixou de funcionar e apenas o PS se opôs categoricamente a que o Parlamento servisse de palco ao debate do caso de Tancos a dias das eleições legislativas. A decisão fica nas mãos de Ferro Rodrigues, mas a margem aritmética é curta para rejeitar a realização da reunião de urgência, uma vez que, por norma, estas decisões são tomadas por maioria.
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O PSD pediu, o CDS apoia, o PCP não se opõe e o BE também não. Em tempos de campanha, a “geringonça” deixou de funcionar e apenas o PS se opôs categoricamente a que o Parlamento servisse de palco ao debate do caso de Tancos a dias das eleições legislativas. A decisão fica nas mãos de Ferro Rodrigues, mas a margem aritmética é curta para rejeitar a realização da reunião de urgência, uma vez que, por norma, estas decisões são tomadas por maioria.
Os únicos argumentos na posse do presidente da Assembleia da República para não aceitar o encontro da comissão permanente, a comissão que se reúne em caso de urgência quando o Parlamento está fechado, têm a ver com as circunstâncias de o pedido ser feito em plena campanha eleitoral e de nunca tal ter acontecido na história da democracia. Foram ambos apontados pelos socialistas que, numa nota a meio da tarde, defenderam que o Parlamento não deve ser usado e “instrumentalizado” a “menos de uma semana da data da ida às urnas”. Os socialistas argumentam com a “prática constitucional dos últimos 40 anos” para se oporem à realização da reunião, mas acrescentavam que aceitariam o que Ferro Rodrigues decidisse sobre o caso
Do lado do PCP e do BE a resposta é curta. Os dois partidos que seguraram o Governo de António Costa dizem agora que não se opõem à realização nem da reunião da comissão permanente nem da comissão de inquérito pedida pelo CDS. Catarina Martins disse-o esta segunda-feira à tarde: “O Bloco de Esquerda não se vai opor à realização da reunião”, respondeu. “O pedido foi feito pelo PSD, mas, pela nossa parte, nunca nos opusemos a que o Parlamento se reúna sempre que algum partido o propõe e sempre que há um tema que o justifique”, acrescentou.
Já no PCP, a resposta surgiu logo na sexta-feira, quando os comunistas referiram que não se iriam opôr a essas iniciativas partidárias.
O caso de Tancos continua a não largar a campanha eleitoral a seis dias do sufrágio e não é do agrado dos socialistas que o tema continue a prejudicar a sua mensagem. O PS ainda colocou Mário Centeno no terreno para mudar o rumo dos assuntos mediáticos do dia, mas acabou por se ver de novo enredado no assunto.
Durante uma arruada em Cacilhas, António Costa, questionado sobre a possibilidade real de realização da reunião, recusou comentar as decisões que saírem do Parlamento e recusou ainda mais falar sobre se a sua relação com o Presidente da República tinha ficado chamuscadas por causa deste assunto. “Nunca o Presidente o deixou pendurado ao telefone”, perguntou um repórter. “Olhe, ofereço-lhe uma rosa”, respondeu. E seguiu caminho. Em causa estava o facto de o Expresso ter noticiado esta semana que Marcelo tinha evitado falar com Costa, suspeitando que as notícias a implicar o Presidente tinham origem entre os socialistas.
A este episódio, Costa não se quis referir, mas garantiu que, para o Governo, “nada mudou” na relação com o Presidente. “Do ponto de vista do Governo nada mudou. A última coisa que os portugueses desejam é um conflito institucional”, disse. “As relações institucionais deste Governo são sempre correctas, positivas, construtivas com todos os órgãos de soberania, seja com a justiça, seja com a Assembleia da República, seja com a Presidência da República. Foi o Governo que mais pontes conseguiu estabelecer”, respondeu.