Elon Musk mostra primeira versão da nave para ir e voltar a Marte
O foguetão Starship deve descolar nos próximos dois meses, embora ainda sem humanos.
A empresa aeroespacial do magnata Elon Musk, a SpaceX, terminou a montagem da primeira versão da Starship, uma nave reutilizável criada com o objectivo de levar seres humanos e mercadorias até Marte e outros pontos no Sistema Solar.
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A empresa aeroespacial do magnata Elon Musk, a SpaceX, terminou a montagem da primeira versão da Starship, uma nave reutilizável criada com o objectivo de levar seres humanos e mercadorias até Marte e outros pontos no Sistema Solar.
A notícia foi avançada pelo próprio fundador, num vídeo transmitido em directo da base de descolagem da SpaceX, no sul do Texas, onde este sábado se juntaram vários fãs e investidores do projecto. A nave — uma gigantesca estrutura cilíndrica de metal, de extremidade afiada, visível para os condutores que circulam na auto-estrada Texas 4 — deve descolar, ainda sem humanos, nos próximos dois meses.
A data marca também o 11.º aniversário da primeira vez que a SpaceX conseguiu enviar um foguetão reutilizável além da atmosfera terrestre. A empresa fundada em 2002 teve um começo atribulado com o voo do primeiro foguetão, o Falcon 1, a durar apenas 41 segundos antes de explodir, em 2008. Ainda nesse ano, porém, a empresa conseguiu realizar o primeiro voo com sucesso e em 2019 a SpaceX conseguiu enviar a sua primeira carga comercial para o espaço através do foguetão Falcon Heavy, actualmente o mais potente do mundo que é composto por três foguetões Falcon 9.
No futuro, a nova Starship (anteriormente chamada Big Falcon Rocket) também deve ser colocada por cima de foguetões deste tipo para conseguir ultrapassar a atmosfera. Elon Musk chamou à combinação da Starship com o lançador Super Heavy, com 35 propulsores Raptor, “o caminho mais rápido para uma cidade auto-sustentável em Marte”. A ideia é que os foguetões regressem à base, enquanto a nave Starship prossegue a viagem no espaço.
Para Musk, o desenvolvimento de foguetões reutilizáveis sempre foi a chave para impulsionar as viagens espaciais. “Imaginem que cada vez que tivéssemos de voar, de avião, fosse necessário um equipamento novo, ou que só pudéssemos utilizar um carro uma vez?”, perguntou Elon Musk, durante a apresentação deste sábado. O objectivo da primeira viagem da nave, ainda antes de ser enviada além da atmosfera terrestre, é atingir uma altitude de 19,8 mil metros, antes de regressar, inteira, ao solo.
“Vai ser épico, daqui a dois meses, ver a Starship descolar e, depois — espero —, a regressar e a aterrar”, frisou Musk que explicou que a empresa quer ter pelo menos quatro modelos prontos antes de as enviar para além da atmosfera terrestre. A empresa planeia usar a Starship para transportar satélites em 2021, recorda a revista Popular Mechanics. Cada modelo desta nave espacial deve conseguir transportar 100 pessoas de cada vez.
No final do ano passado, o milionário japonês Yusaku Maezawa encomendou uma viagem da Starship à Lua em 2023, um projecto baptizado Dear Moon que levará um pequeno grupo de artistas ao único satélite natural da Terra.
Outros projectos em atraso
A SpaceX foi fundada em 2002 por Elon Musk, também co-fundador da Tesla, empresa que fabrica carros eléctricos. Um dos objectivos principais do multimilionário é a colonização de Marte para salvar a humanidade de uma possível catástrofe natural.
Enquanto os planos para chegar a Marte avançam com pompa, a SpaceX levou um puxão de orelhas pelo atraso em outros projectos, como o Crew Dragon. Na sexta-feira, horas antes do evento de apresentação do foguetão, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, fez uma publicação no Twitter notando o atraso da SpaceX em relação aos prazos previstos no contrato multimilionário para levar astronautas ao espaço, mais especificamente até à Estação Espacial Internacional (EEI).
Em 2014, a NASA escolheu a Boeing e a SpaceX para construírem as duas primeiras naves espaciais privadas norte-americanas para transporte de astronautas, assinando contratos de 4,2 mil milhões de dólares e 2,6 mil milhões de dólares, respectivamente. Os primeiros voos deveriam realizar-se em 2017, mas os projectos de ambas as empresas sofreram grandes atrasos. A CNN recorda que, há pouco mais de um ano, Elon Musk prometia que o objectivo seria alcançado em Dezembro de 2018. Em Março deste ano, a Crew Dragon fez um voo de teste bem-sucedido, tendo regressado à Terra depois de uma viagem de seis dias em que acoplou na EEI.
“Aguardo com expectativa pelo anúncio da SpaceX de amanhã. Enquanto isso, o [projecto] Commercial Crew está anos atrasado. A NASA espera ver o mesmo nível de entusiasmo dirigido aos investimentos dos contribuintes norte-americanos. Está na altura”, publicou Bridenstine no Twitter.