“Laboratório flutuante” baptizado pelos duques de Cambridge com o nome de sir David Attenborough

O britânico RRS Sir David Attenborough passa agora a escrutinar os pólos, cabendo à equipa de investigadores que transporta a análise do comportamento dos grandes glaciares.

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A cerimónia decorre esta quinta-feira nos estaleiros da Cammell Laird Phil Noble/Reuters

Os duques de Cambridge, William e Kate, são os anfitriões de uma cerimónia que lança às águas um novo navio polar ao serviço da ciência e decidiram baptizar a embarcação com o nome do famoso naturalista. A cerimónia decorre esta quinta-feira, nos estaleiros da Cammell Laird, em Birkenhead, na costa Noroeste do Reino Unido, próximo de Liverpool, e é o primeiro compromisso da agenda de Outono de William e Kate.

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Os duques de Cambridge, William e Kate, são os anfitriões de uma cerimónia que lança às águas um novo navio polar ao serviço da ciência e decidiram baptizar a embarcação com o nome do famoso naturalista. A cerimónia decorre esta quinta-feira, nos estaleiros da Cammell Laird, em Birkenhead, na costa Noroeste do Reino Unido, próximo de Liverpool, e é o primeiro compromisso da agenda de Outono de William e Kate.

O RRS Sir David Attenborough, cuja construção custou 200 milhões de libras (225 milhões de euros), irá substituir os navios RRS James Clark Ross e RRS Shackleton que, entre os dois, de acordo com a BBC, já cumpriram quase 50 anos ao serviço da British Antarctic Survey, organismo responsável pelos assuntos relativos aos interesses do Reino Unido na Antárctica.

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O príncipe William e sir David Attenborough, no Fórum Económico Mundial, em Davos, em Janeiro deste ano Arnd Wiegmann/Reuters

“Este é um momento incrivelmente emocionante da nossa história científica”, considerou o ministro britânico da Ciência, Chris Skidmore, citado pela BAS. E explicou: “O RRS Sir David Attenborough permitir-nos-á dar um grande salto em frente em nossa compreensão do meio ambiente”, além de ser “uma incrível façanha de engenharia”. 

O novo navio tem 129 metros da proa à popa e 24 metros de boca (máximo de largura). Concebido para transportar até 90 pessoas (28 tripulantes, 60 investigadores, mantendo dois lugares vagos para visitas), o RRS Sir David Attenborough é dotado de uma propulsão diesel-eléctrica, capaz de alimentar, dependendo da missão e das condições operacionais, quatro motores eléctricos assíncronos que lhe permitem partir camadas de gelo com uma espessura de um metro a uma velocidade de 3 mn/h e navegar até 17,5 milhas náuticas por hora (correspondentes a pouco mais de 30 km/h).

Entre as características específicas desta embarcação estão um buraco que atravessa o meio do casco e que permitirá colocar instrumentação de recolha de informação no mar sempre que o navio esteja rodeado de gelo ou ainda um design aprimorado pela Rolls-Royce, que conseguiu trabalhar o ruído produzido, que alcança níveis mínimos, o que significa que os cientistas poderão estudar criaturas sem as incomodar, descreve a BBC.

Um investigador em campo

O RRS Sir David Attenborough, apresentado como um laboratório flutuante, passa agora a escrutinar os pólos, cabendo-lhe a análise do comportamento dos grandes glaciares de forma a documentar as mudanças ocorridas, prevendo assim as alterações do nível do mar noutras latitudes e apresentando possíveis soluções que possam reverter o processo.

Ainda esta semana, o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU dedicado unicamente aos oceanos e às partes geladas do planeta alerta para o facto de “eventos extremos de subida do mar que são historicamente raros – acontecem uma vez por século no passado recente – que se estima que comecem a acontecer com mais regularidade – pelo menos uma vez por ano” a partir de 2050, afectando mais as regiões tropicais.

O mesmo documento avisa ainda que, a este ritmo, haverá cada vez mais inundações costeiras, mais tempestades tropicais, menos biodiversidade, menos glaciares, alertando para o risco que correm milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras.

“O mar, o Árctico, a Antárctida e a alta montanha podem parecer distantes para muitos, mas dependemos deles e somos influenciados por eles directa ou indirectamente, de muitas formas – para o clima, para alimentação e água, para energia, comércio, transporte, recreação e turismo, para saúde e bem-estar, para cultura e identidade”, afirmou o presidente do IPCC, Hoesung Lee.

O naturalista que agora dá nome ao navio britânico e que há 57 anos é a voz e a cara dos principais programas sobre natureza e vida animal, aproveitou a oportunidade para, segundo a BAS, lembrar que “o nosso mundo está a mudar e pessoas de todo mundo, especialmente os jovens, estão a ficar cada vez mais preocupadas com uma catástrofe climática”. Porém o britânico não mostra pessimismo. “Os seres humanos são resilientes e hábeis. Se prestarmos atenção ao conhecimento científico que aqueles que velejarem neste navio se reunirão, teremos uma hipótese muito maior de encontrar uma maneira de lidar com o que está por vir.”