Até ao lavar dos cestos é vindima na Quinta Nova

Para este sábado está marcado o último programa aberto a visitantes para apanhar uvas nesta propriedade do Douro. A jornada termina em beleza, com um almoço no restaurante Conceitus.

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Chegamos já a manhã vai alta – e o sol também –, pelo que da vindima já só temos um breve vislumbre. Aqui e ali, carrinhas no meio da vinha disposta em patamares, mais além uns cestos carregados de uvas que parecem perdidos mas não estão – alguém os virá recolher daqui a pouco, já longe da nossa vista. De resto, em redor é a placidez do costume: o Douro segue a sua vida lá em baixo, os socalcos enchem a vista e a alma, ouvem-se os pássaros e pouco mais.

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Chegamos já a manhã vai alta – e o sol também –, pelo que da vindima já só temos um breve vislumbre. Aqui e ali, carrinhas no meio da vinha disposta em patamares, mais além uns cestos carregados de uvas que parecem perdidos mas não estão – alguém os virá recolher daqui a pouco, já longe da nossa vista. De resto, em redor é a placidez do costume: o Douro segue a sua vida lá em baixo, os socalcos enchem a vista e a alma, ouvem-se os pássaros e pouco mais.

Vamos almoçar no Conceitus, o restaurante da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, em Covas do Douro, Sabrosa, mas por enquanto sentamo-nos a olhar para paisagem. Podíamos ficar aqui horas a fio, que o quadro nunca cansa. Ainda por cima, deixámos o Porto debaixo de nevoeiro e aqui temos céu azul e sol a rodos. Ficamos, portanto, a beber o Douro com os olhos e só depois vamos bebê-lo no copo.

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DR

Estamos no final de Setembro, mas é mais de Agosto o calor que anima este início de tarde. Sentamo-nos à mesa com Susana Pinho, responsável de enoturismo da Quinta Nova, que nos diz que “há dez anos que a vindima não era tão tardia” por estes lados. “Começámos no início de Setembro, com os brancos, que compramos a produtores da região, de Sabrosa, Murça, do planalto de Alijó, a mais de 500 metros de altitude”, explica. Nos 85 hectares plantados da Quinta Nova só há castas tintas – “e indígenas”: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Sousão, Tinta Francisca –, que começaram a ser colhidas “a 9 de Setembro”. “A vindima irá bem até ao final do mês”, antecipa Susana.

E é justamente a vindima um dos programas que mais turistas atraem à Quinta Nova, há 20 anos nas mãos do Grupo Amorim. Regra geral, os visitantes colhem as uvas entre os sete hectares de vinhas velhas, que são usadas para os Grande Reserva e Porto do portefólio Quinta Nova. Para este sábado, 28, está marcado o último programa de vindimas aberto a visitas (118€ por pessoa, incluindo almoço e prova de vinhos).

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Patamar Kitchen DR

De resto, ao longo de todo o ano há outras ofertas ao nível de enoturismo. As clássicas visitas à Quinta Nova iniciam-se nas vinhas, passam pela adega de 1764, pela sala de barricas e pela garrafeira subterrânea e ainda pelo Wine Museum Centre, que reúne um interessantíssimo espólio relacionado com o vinho organizado por Fernanda Ramos, a matriarca da família Amorim. Estas visitas (a partir de 16€ por pessoa) terminam na sala de provas, instalada num espaço convenientemente chamado Patamar Kitchen: também aqui pode provar petiscos preparados pelo chef André Carvalho e a vista em redor não é nada de se deitar fora…

Há ainda os programas “Um dia no Douro”, com visita e prova de vinhos, almoço no Conceitus e tarde livre para relaxar ou passear de barco no Douro (a partir de 100€ por pessoa); e “Enólogo por um dia”, que inclui blending, engarrafamento, arrolhamento e rotulagem do próprio vinho (a partir de 85€ por pessoa). Também pode fazer passeios no rio, a bordo do barco Senhora do Carmo, parceria da Quinta Nova com a Rivus. As possibilidades são imensas, e à medida do gosto e bolso de cada um.

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Chega, por fim, a altura de experimentarmos a cozinha de André Carvalho. As boas-vindas do chef integram manteiga de trufa, salada de bacalhau e grão, tártaro de robalo e salada de polvo – tudo muito fresco, a casar com Quinta Nova Rosé 2018. A carta deve mudar em Outubro, mas ainda provamos a “Degustação de Verão”, em três momentos (46€ por pessoa, a que acrescem mais 28€ se optar pela harmonização do enólogo). Começamos com crocante de codorniz com cogumelos silvestres, que acompanhamos com o Grainha Branco 2018, e continuamos com carré de borrego e puré de batata-doce, acolitado por um Quinta Nova Grande Reserva 2016. No capítulo doce, optamos pela panna cotta de laranja com creme de café.

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André Carvalho DR

André Carvalho junta-se a nós no final da refeição. Discreto, o jovem chef (tem 27 anos, formou-se na Escola de Hotelaria de Lamego e já andou pelo Six Senses Douro Valley e pelo Eurostars Oasis Plaza – Figueira da Foz) diz que o Conceitus é um “verdadeiro desafio”: “A minha cozinha não pode esconder o vinho e tem que mostrar o produto.” Simples, não?