Sabia que 63% dos portugueses nunca fez uma compra online?
Como em muitas outras áreas dos negócios e da vida, também o comércio online tem os seus próprios mitos, lendas e histórias incríveis. Vamos mostrar-lhe cinco mitos que podem explicar este número.
De acordo com dados divulgados no final de 2018 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 63% dos portugueses nunca fez uma compra online. Nada. Nem um bilhete de avião. Nem uma reserva num hotel. Nada.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
De acordo com dados divulgados no final de 2018 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 63% dos portugueses nunca fez uma compra online. Nada. Nem um bilhete de avião. Nem uma reserva num hotel. Nada.
A percentagem de portugueses a comprar online é muito inferior à média europeia, que em 2017 se situava nos 57%. Os dados do INE mostram ainda que roupa e produtos desportivos são os artigos que mais compramos.
Segundo o estudo Meaningful Brands do Grupo Havas, entre as marcas de retalho, a Amazon é a marca com maior envolvimento e maior intenção de recompra. Sofia Vieira, Intelligence Director do Grupo Havas Media reforça que “após ultrapassar a barreira causada pelos mitos existentes, o consumidor online é um consumidor recorrente”.
Mitos, histórias e erros sobre o e-commerce
1. Ter um negócio online é fácil
Ainda há quem pense assim. Quem acredite que tudo o que diz respeito à internet não é um “trabalho a sério”. Que “é muito fácil ter um negócio online e ganhar dinheiro”.Quem o faz diz que não é. Nem de perto, nem de longe.Vera Maia, CEO da Tudo Sobre E-commerce, contou-nos uma curta história que ilustra bem a força deste mito.
“Certo dia umas pessoas conhecidas disseram-me: Oh Vera, eu posso ter uma loja online sem grande esforço e vender sem me preocupar com nada; inclusivamente, posso ir para o ginásio sem sequer me preocupar com as vendas".
Para a CEO da Tudo Sobre Ecommerce: “este pensamento resulta, em grande parte, de um outro mito, alimentado pelo livro 4 hour Work Week, de Tim Ferriss, que se tornou muito popular nos últimos 10 anos. No livro, o autor vende a ideia de que basta ter uma projecto online e alguns serviços externos para que se consiga vendas sem grande esforço. Ter um negócio online exige a mesma dedicação (ou até mais) que um projecto offline. Recrutar e formar equipa, contratar fornecedores, definir estratégias e implementá-las, em matéria de tempo e dedicação requeridas, é exatamente igual”.
Há realmente quem pense que é fácil ter um negócio online. Que basta ter um site e já está, o tráfego chega como que por magia e as vendas disparam num instante.
É um mito, pois claro.
2. Comprar online não é seguro
Somos um povo desconfiado. Também não é de estranhar. Fomos invadidos pelos franceses, ocupados pelos romanos e pelos ingleses… e ainda faltam os espanhóis.
Assim, entende-se a natureza da nossa tão grande desconfiança. A maioria das pessoas que responde a inquéritos sobre compras online aponta para aqui: para a falta de segurança, para o medo dos pagamentos online, das fraudes e da falta de protecção dos dados pessoais.
Embora quase metade das pessoas inquiridas no estudo do INE ainda refira problemas de confiança, dois terços das pessoas disseram simplesmente não ter necessidade de recorrer ao comércio electrónico.
O próprio BdP (Banco de Portugal) já lançou uma série de recomendações para que os consumidores se possam proteger contra atividades menos claras na internet e para possíveis tentativas de fraude. Segundo os dados da Scamadviser, uma plataforma que procura avaliar a legitimidade de sites de e-commerce, Portugal tem uma confiança média de 89% relativamente ao comércio electrónico, o que coloca Portugal na 16ª posição entre os países mais seguros da União Europeia.
E, de acordo com os dados do estudo Meaningful Brands do Grupo Havas, Sofia Vieira, Intelligence Director do Grupo Havas Media, confirma: “o nível de recomendação do consumidor nas marcas de e-tail é de 82%, o que significa que quanto maior for a partilha da experiência de quem já compra, mais facilmente será ultrapassado o mito da confiança por parte de quem ainda não compra”.
3. Comprar online sai mais caro
Este é outro dos mitos em que muita gente acredita, em especial porque estamos a chamar à conversa um dos papões do e-commerce: os portes de envio. Existem portes de envio em praticamente todas as lojas online do planeta. Se estamos a comprar um produto numa loja nos Estados Unidos, na Alemanha, na China ou na Austrália, é normal que tenhamos de pagar pelo envio desse produto directamente para nossa casa. Certo?
Certo é também que os valores dos portes de envio e os mínimos para estes sejam oferta têm sofrido um reajuste nos últimos anos. E se há coisa que caracteriza as vendas online são as promoções constantes, as baixas de preço, os saldos fora de época, etc… Basta estar atento e decidir, então, qual o melhor momento para comprar.
4. Os artigos demoram muito tempo a chegar
Nem podia ser de outra maneira… muitos dos artigos que compramos online vêm do outro lado do mundo - China ou EUA são só alguns exemplos. Na maioria das vezes, estas encomendas vêm de barco. É normal que não chegue a nossa casa no final daquele dia nem no final daquela semana. Mas se comprar a um grande retalhista nacional, a probabilidade de receber a encomenda num prazo de até 24 horas é nos dias de hoje muito elevada. Se a encomenda for feita até às 11h00, já existem marcas que a entregam no próprio dia. São 24 horas. Um dia. Dois, no máximo, se estivermos a falar de encomendas para Madeira/Açores. Isto, na grande maioria das lojas.
5. O e-commerce vai matar as lojas físicas
Muito dificilmente isto vai acontecer. O ser humano precisa do contacto com outros membros da sua espécie. Somos seres sociais por natureza.
Márcio Miranda, Digital Marketing Manager da Delta Q, tem precisamente esta opinião e diz ainda que os dois modelos, mais do que compatíveis, podem mesmo ser complementares:
“A verdade é que as lojas online podem ser verdadeiras extensões das lojas físicas, permitindo por exemplo entregas no próprio dia e em loja, dando a possibilidade de potenciar vendas, beneficiando do facto do cliente estar em loja. As lojas físicas devem, cada vez mais, transformar-se em locais de experiência, onde o consumidor, mais do que comprar produtos, interage com a marca, conhece-a e conecta-se, muito para além da compra”.
Gerir a presença digital de uma marca requer dedicação, esforço, tempo e... pessoas. Não se esqueça, o processo de compra online assenta essencialmente numa coisa: a experiência de compra.